Alimentos recuam e IGP-M registra deflação de 0,06%

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Variação em 12 meses do índice da FGV que reajusta contratos de aluguel desacelera e acumula a menor alta em quase 2 anos


Influenciado pela queda dos preços dos alimentos, tanto no atacado como ao consumidor, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) surpreendeu e voltou a registrar deflação em fevereiro. A queda foi de -0,06% no mês. Em 12 meses, a variação acumulada atingiu 3,43%, a menor em quase dois anos. A menor variação acumulada anterior ocorreu em abril de 2010 e foi de 2,88%.

"A taxa acumulada do IGP-M em 12 meses pode desacelerar um pouco mais no mês que vem", diz o coordenador de análises econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Mas ele não considera que a deflação do IGP-M se repita no mês que vem. De toda forma, a tendência de suavização da inflação acumulada em 12 meses é uma boa notícia porque o IGP-M é o indicador mais usado pelos inquilinos para reajustar os contratos de aluguel.

Os três indicadores que compõem o IGP-M perderam fôlego de janeiro para fevereiro. O Índice de Preços por Atacado (IPA), que tinha tido deflação de -0,07% em janeiro, encerrou este mês com queda de -0,26%. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve alta de 0,27% este mês, depois de ter subido 0,97% em janeiro. O Índice Nacional da Construção Civil (INCC) fechou fevereiro com elevação de 0,42%, ante um acréscimo de 0,67% no mês passado.

Consumidor. Quadros destaca que, apesar do IPA responder por 60% do IGP-M e ter registrado variação negativa em fevereiro, foi o IPC que mais contribuiu para a deflação do indicador. Em números exatos o IPC recuou 0,70 ponto porcentual de janeiro para fevereiro e o IPA 0,19 ponto porcentual. Mas tanto o IPC quanto o IPA foram fortemente influenciados pelo recuo dos alimentos.

No IPC, por exemplo, o grupo alimentação teve deflação de -0,05% em fevereiro, com desaceleração 1,47 ponto porcentual em relação a janeiro. O destaque de fevereiro foi para carne bovina (-3,13%), hortaliças e legumes (-1,66%) e massas e farinhas (-1,09%).

No IPA, os preços dos produtos agropecuários, que tinham subido 1,10% em janeiro, registraram deflação de 0,28% em fevereiro. A soja em grão teve variação negativa de 0,31%, depois de ter subido 3,31% em janeiro. A cotação do café em grão recuou 2,39%; os bovinos, -1,13% e as aves, -5,26%.

"Houve uma inversão entre o comportamento dos preços no atacado das matérias-primas agropecuárias e das matérias industrias de janeiro para fevereiro", observa Quadros. Influenciada pela seca e pela entressafra, os preços dos produtos agropecuários exerceram pressão altista no IGP-M de janeiro, enquanto as matérias-primas industriais seguiram em baixa. Em fevereiro, porém, com o fim da entressafra e o início da colheita dos grãos e as chuvas que melhoram as pastagens, os preços agropecuários recuaram e as cotações dos insumos industriais reverteram a trajetória de queda.

O economista ressalta o comportamento do minério de ferro como exemplo de matéria-prima industrial. Em janeiro, o preço do minério no atacado tinha recuado 5,44% e, em fevereiro, a retração foi menor, de -2,94%. Apesar de, isoladamente, o minério ter sido o produto que mais contribuiu para a deflação do IPA-M (-0,15 ponto porcentual), Quadros diz que a tendência é deflação do preço minério perca força rapidamente.

"A deflação do IGP-M, registrada este mês, é uma situação temporária", diz. Além da queda do preço do minério perder força, ele não acredita que a retração dos preços agropecuários seja mantida no mesmo ritmo no mês que vem.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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