País é o último do ranking.
Pesquisa feita pela KPMG Internacional - Competitive Alternatives coloca o Brasil em último lugar entre os cinco países de economia emergente em relação aos custos empresariais. Tomando como base a economia dos Estados Unidos, o ranking mostra que o país mais atrativo é a China, com custos 25,8% mais baixos que os dos norte-americanos, seguida pela Índia (25,3%), México (21%), Rússia (19,7%) e Brasil (7%).
O Reino Unido, a Holanda e o Canadá, entre os mercados desenvolvidos, foram classificados como os líderes do baixo custo. São, portanto, locais mais adequados para se fazer negócios. A vantagem competitiva da Inglaterra é de 5,5% em relação à economia norte-americana, da Holanda de 5,3% e do Canadá de 5%. O que os dados mostram é que os custos empresariais no Brasil estão mais próximos destas economias do que do México e de outros países dos Brics.
O estudo analisa 26 elementos relevantes de custos empresariais, incluindo mão de obra, impostos, imóveis e serviços públicos, com coleta de informações em 110 cidades de 14 países. No Brasil, os dois municípios pesquisados foram Belo Horizonte e São Paulo. Ambos ficaram nos últimos lugares do ranking das cidades dos chamados "mercados de alto crescimento" da América (Brasil e México), Europa (Rússia) e Ásia (China e Índia).
Em primeiro lugar, entre os de menor custo empresarial, vem Chengdu, na China, com índice de 72%, seguida por Chennai (Índia) com 72,9%, Xangai (China) com 76,3%, Mumbai (Índia) com 76,4%, São Petesburgo (Rússia) com 77,5%, Monterrey (México) com 78,4%, Cidade do México com 79,7% e Moscou com 83%. Em nono lugar aparece Belo Horizonte, com custos correspondentes a 91,4% na comparação com os praticados nos Estados Unidos, seguida por São Paulo, cujo índice é de 94,6%.
"Os níveis salariais brasileiros, incluindo o salário mínimo, estão significativamente acima daqueles dos outros países de alto crescimento estudados, e a alta carga tributária também impacta o desempenho total dos custos no Brasil", afirma Roberto Haddad, sócio da área de Tributos Internacionais da KPMG Brasil.
Considerando o resultado dos custos por setores da economia, a posição do Brasil também não é confortável. Levando em conta o setor digital, entre os países emergentes, Índia, China e Rússia oferecem os menores custos globais. A pesquisa mostra que os custos no Brasil, nesta área, são maiores do que nos principais países desenvolvidos, devido a uma alta carga tributária indireta sobre as empresas. O ranking dos países, do de maior custo para o menor, é o seguinte: Brasil (4,3% menos que o custo de empresas semelhantes dos Estados Unidos), México (38,2%), Rússia (39,4%), China (43%) e Índia (45,4%).
Já na área de Pesquisa e Desenvolvimento, entre os mercados em ascensão, a Índia, China e México oferecem os menores custos globais do setor. Novamente o Brasil aparece como o de maior custo. O ranking é o seguinte: Brasil (5,8% mais barato dos que os EUA), Rússia (34,2%), México (44,1%), China (45,5%) e Índia (56,9%). No setor de serviços, Índia, México e China oferecem os menores custos. No Brasil, o custo neste setor é 17,9% mais baixo que o dos Estados Unidos, a pior situação quando comparada à Rússia (43,1%), China (51,8%), México (52,9%) e Índia (62,9%).
Indústria - Na indústria, o quadro é semelhante. A China, maior exportador do mundo, oferece os menores custos globais do setor manufatureiro. O ranking é, do país de menor para o de maior custo: China (21,1% menor que o custo dos EUA), Índia 18,7%, México 15,6%, Rússia 15,4% e Brasil 6,6%.
Mas o estudo leva em conta também dados que não estão diretamente relacionados a custos que influenciam a capacidade competitiva dos países pesquisados, como questões demográficas, educação, condições de trabalho, aplicação de inovação e infraestrutura. Foi a primeira vez que os países emergentes participaram da pesquisa.
Em relação à população, os países em crescimento acelerado têm geralmente um público jovem, proporcionando vantagens para a oferta de trabalho e o consumo. A Rússia é uma exceção, com as questões do envelhecimento populacional semelhantes às dos países desenvolvidos. A China também está se movendo para uma uma população em envelhecimento demográfico nas próximas duas décadas.
Na educação, o acesso vem crescendo rapidamente nos mercados desses países, assim como a demanda por trabalhadores qualificados. No entanto, há problemas relacionados à qualidade do ensino ofertado. Além disto, a demanda por trabalhadores qualificados superou o crescimento dos sistemas de ensino.
No que se refere à infraestrutura, a China se destaca entre os países de forte crescimento nos últimos anos, em especial no rápido desenvolvimento de seu sistema de transporte e das redes de distribuição.
Veículo: Diário do Comércio - MG