Dilma defende estímulo ao consumo

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Presidente também nega que o Brasil registre hoje um alto nível de endividamento das famílias; para ela, País segue padrões internacionais


A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o governo manterá seus investimentos, continuará a incentivar a população a consumir e não recuará da exigência de que as empresas concessionárias ou prestadoras de serviços tenham um índice de nacionalização em seus produtos. Disse ainda que é preciso reduzir os custos do País.

Dilma fez as afirmações durante discurso em cerimônia no Palácio da Liberdade, sede do governo de Minas Gerais, na qual assinou protocolo de intenções para transferir ao governador Antonio Anastasia (PSDB) a responsabilidade de administrar os investimentos de R$ 1,5 bilhão do governo federal para a construção do anel rodoviário em Belo Horizonte.

A fala de Dilma, que durou 34 minutos e misturou a nostalgia dos passeios que fez quando criança pelos jardins do Palácio da Liberdade com a crise mundo afora e sua administração, foi uma clara resposta da presidente às críticas que tem sofrido por causa da queda nos investimentos, do endividamento das famílias e de atrasos em projetos do governo, como os das sondas da Petrobrás. O ex-governador tucano José Serra tem sido um dos que mais chamam a atenção para os problemas que o endividamento das famílias pode trazer aos cidadãos.

"Não concordo com a história de que não é preciso estimular o consumo. Acho que o estímulo ao consumo vai da característica intrínseca do nosso modelo, que é um modelo de desenvolvimento com inclusão social. Estranho seria se o modelo que tem de levar 16 milhões de brasileiros e de brasileiras a ter um padrão mínimo de consumo e renda não fizesse ampliação do consumo no País. Por quê? Porque nós temos ainda um consumo extremamente reprimido das classes populares", disse.

Equivocados. Sem se referir diretamente a Serra e aos demais que falam do endividamento excessivo das famílias, ela os chamou de equivocados.

"É uma visão absolutamente equivocada achar que quem não tem uma melhoria de renda não quer comprar uma televisão, uma geladeira, um forno de micro-ondas, uma máquina de lavar. Isso não tem nenhum problema. O Brasil comporta isso."

Aos que têm mostrado preocupação com o endividamento das famílias, Dilma respondeu: "Não temos um nível elevado de endividamento das famílias, não. É só pegar os padrões internacionais de endividamento e olhá-los. Além disso, eu considero que o Brasil tem esse grande potencial justamente por isso. Por ser uma economia emergente em transição, que não é uma transição rápida para uma economia que pode ser uma economia de classe média. Nós ainda não somos. Temos milhões de brasileiros sem casas. Temos milhões sem saneamento."

Segundo a presidente, o País está caminhando para alterar as condições de investimento. "Alterar as condições de investimento no Brasil significa o seguinte. Primeiro, reduzir o custo de capital do País. Reduzir o custo de capital do País é reduzir juros", disse. Dilma afirmou que essa redução não se faz "por decreto", mas questionando tecnicamente os motivos da taxa alta.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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