Índice fica em 0,92% em março, maior resultado mensal desde abril de 2003 e empatado com dezembro do ano passado
Depois de dispararem de preço no ano passado, o tomate e a batata-inglesa voltaram a se tornar o prato favorito do dragão da inflação neste ano. Com apetite cada vez mais voraz, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 0,92% em março com a ajuda da dupla de vilões da cesta básica.
Omês passado registrou a maior taxa mensal desde abril de 2003 (com 0,97%), empatando com dezembro de 2013. A alta nos preços acumulada em 12 meses chegou a 6,15%, aumentando as apostas em um estouro do teto da meta do governo neste ano, de 6,5%. A inflação alta e generalizada no primeiro trimestre de 2014, que subiu 2,18% ante 1,94% no mesmo período de 2013, levou a consultoria Tendências a colocar um viés de alta na projeção para o índice em abril, inicialmente estimada em 0,63%.
Neste início de ano, fatores como calor intenso e a mão de obra escassa impactaram a produção agrícola no país. No caso da batata, a alta de 35,05% no quilo reflete a quebra de parte da safra, que apresentou perda de quase 35%.
O calor tembém prejudicou a produção de tomate, que subiu 32,85% no país em 30 dias. Obrigados a trazer o fruto de outros Estados para abastacer as prateleiras, fornecedores enfrentaram aumentos nos custos de transporte. Apesar disso, os aumentos mais expressivos ocorreram no varejo, sugerindo que expectativa de comerciantes com o comportamento dos preços também fez o valor nas gôndolas subir.
Também tiveram altas expressivas no IPCA derivados de trigo, que sofre com a quebra de safra no Brasil e na Argentina, principal exportador do produto para os moinhos brasileiros. Com isso, aumentaram, em março, os preços de pão, macarrão e farinha de trigo.
– Quando há quebra de safra, a oferta diminuiu e o valor aumenta. É justamente para absorver esses impactos que existe os dois pontos percentuais de limite acima do centro da meta. Acontece que estamos com a inflação próxima do teto há meses – diz Adriana Molinari, economista da Tendências Consultoria.
Juro sobe, mas não causa efeito esperado
Mesmo os sucessivos aumentos na taxa básica de juro, não foram suficientes para frear a inflação, como esperava a equipe econômica.
Para o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luiz Carlos Mendonça de Barros, o governo demorou a fazer o diagnóstico correto para o problema e não implementou ações adequadas para impedir a disparada de preços.
Veículo: Diário Catarinense