Ontem de manhã o ministro da Fazenda, Guido Mantega, citou a produção de etanol como fator que vai colaborar para a redução dos preços dos combustíveis em maio e junho e ajudar a controlar a inflação, mas a informação não surpreendeu o mercado. Apesar de a safra ter começado em abril, é nos próximos meses que a produção de etanol se intensifica.
O economista Êtore Sanchez da consultoria LCA afirma que de fato as análises apontam uma queda sazonal nos preços de etanol, com o ponto mais baixo registrado em junho. Isso não evita, contudo, que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) rompa o teto da meta no mesmo mês.
– Já está na conta. O ponto mais baixo para o etanol é esperado para o final de junho – disse Sanchez.
Em março o etanol subiu 4,07%, com reflexo sobre o preço da gasolina, que registrou alta de 0,67%. De acordo com Sanchez, a queda no álcool em junho deve ser de 4%, com impacto aproximado no IPCA – considerando o peso do item na apuração mais recente do indicador – de 0,04 ponto porcentual negativo. Mesmo assim a LCA projeta que a inflação acumulada em 12 meses chegue a 6,55% em junho, superior ao teto da meta, de 6,5%.
Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada, corrobora:
– Junho vai ser o pior momento da inflação em 12 meses.
Gasolina vai baixar, mas não impactará no IPCA
A queda nos preços do etanol terá alguma influência sobre o valor da gasolina. De acordo com Sanchez, o ponto mais baixo esperado para os preços da gasolina será visto em julho, com queda de 0,6%.
Ontem à tarde Mantega negou que o governo vá aumentar a participação de álcool anidro na gasolina para ajudar no combate à inflação. Sanchez aponta que a maior participação do etanol na gasolina reduziria o preço do combustível, mas ressalta que há um problema na safra de cana-de-açúcar e na oferta de anidro neste ano.
Veículo: Jornal de Santa Catarina