PIB mineiro subiu apenas 0,3% no primeiro semestre

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Produção estadual ficou abaixo da média de crescimento do país, de 0,5%




O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais registrou alta de 0,3% no primeiro semestre em relação aos seis primeiros meses de 2013, ficando abaixo da média nacional, que avançou em 0,5% no mesmo período. A variação positiva foi mantida pelo quinto trimestre consecutivo, aponta pesquisa elaborada pelo Centro de Estatística e Informações (CEI) da Fundação João Pinheiro (FJP), "Produto Interno Bruto de Minas Gerais: Resultados do 2º Trimestre de 2014".

Ao contrário do país, onde a agropecuária segurou os resultados ao lado do segmento de serviços, com incrementos de 1,2% e 1,1%, respectivamente, no primeiro semestre, no Estado, o setor apresentou retração de 2,5%. O agravante neste caso, segundo a coordenadora da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, foi a seca observada no decorrer deste exercício.

"A estiagem realmente afetou as culturas mineiras. Geralmente, o período de seca vai de maio a setembro e, desta vez, os três primeiros meses do ano já estavam sem chuva. Com isso, o desenvolvimento das pastagens e dos grãos foi prejudicado e traduziu em resultados negativos para o PIB do setor. Para piorar, algumas colheitas poderão continuar sofrendo os efeitos ainda no ano que vem, como é o caso do café", explica.

Para o segundo semestre, conforme ela, alguns pontos ainda precisam ser tratados antes de se traçar quaisquer expectativas. Isso porque, algumas colheitas ainda estão em andamento. "Alguns produtores de café, por exemplo, já nos sinalizaram perdas entre 30% e 40% na produção deste ano. Mas, de forma geral, esperamos melhorias dos níveis pluviométricos, bem como da agroindustrialização para o próximo exercício, de forma que se registre um melhor desempenho", afirma.

Quanto aos demais setores da atividade econômica mineira, no mesmo período, a atividade de serviços em Minas apresentou crescimento de 1,2%. Assim, mais uma vez, o segmento puxou o desempenho do Estado, apesar de não mais com a mesma intensidade dos resultados anteriores. A avaliação é do economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Gabriel Ivo. "O setor de comércio e serviços vem segurando as margens do Produto Interno Bruto não porque vai bem, mas porque os demais setores estão indo muito mal", admite.


Cenário adverso - Em relação ao desaquecimento do PIB do comércio, Ivo, mais uma vez, menciona a redução do consumo da população. Ele cita o maior endividamento das pessoas, a cautela com os gastos tanto por parte dos consumidores quanto pelos empresários na hora de investir - em função da proximidade com as eleições -, e o aumento da inflação.

"Todos estes fatores estão culminando com uma perda do dinamismo de comércio e serviços, com a queda no poder de compra das pessoas. Minas e o país estão alinhados neste sentido", observa.

O economista da Fecomércio lembra também que o único indicador macroeconômico que ainda não começou a cair é o emprego. Mas para 2015, segundo ele, será difícil manter os mesmos patamares. "O comércio ainda não está demitindo, mas também não está contratando. Se o setor continuar com vendas ruins e o crescimento não acontecer, o próximo passo será o desemprego", alerta.

ncora da economia mineira do primeiro semestre de 2014, o segmento apresentou alguns destaques, como o subsetor de transportes, que teve um crescimento no Estado de 5,9% no primeiro semestre, mais do que o dobro dos 2,4% registrados no país. No subsetor de serviços imobiliários e de aluguéis, Minas Gerais cresceu 3,1% ante a alta nacional de 1,8%. Já no comércio, enquanto Minas cresceu 0,2%, o país registrou redução de 0,2%.

Indústria acumula queda de 0,7% no Estado


Já no caso da indústria mineira, houve retração de 0,7% no Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado dos seis primeiros meses deste exercício frente ao mesmo intervalo de 2013. Por outro lado, vale ressaltar que a taxa mineira foi a metade da registrada pela indústria nacional no mesmo período (-1,4%). A queda da atividade industrial, tanto em Minas como no Brasil, foi provocada pela retração da indústria da transformação (3,2% e 3,1%, respectivamente) e da construção civil (3,6% e 4,9%, respectivamente).

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Junior, entende que os resultados do PIB mineiro refletem uma trajetória que precisa ser equacionada. Para o presidente da entidade, a queda da indústria não é apenas conjuntural, mas tem fundamentos estruturais, relacionados aos altos custos de se produzir no Brasil, à baixa produtividade do trabalho e à uma série de fatores sistêmicos. "Este quadro está inviabilizando a competitividade do setorõ, disse o dirigente, por meio de nota.

O líder empresarial entende ainda que é fundamental a mobilização da sociedade para defender e construir um projeto de país comprometido com o desenvolvimento econômico e social brasileiro. Neste sentido, é preciso superar fatores internos e sistêmicos que comprometem a competividade. "Precisamos trabalhar para criar condições de reverter o cenário", conclui.


Segundo trimestre - Os resultados econômicos acumulados nos primeiros seis meses de 2014, em Minas, só não foram melhores porque, no segundo trimestre do ano, um conjunto de fatores afetou negativamente as conjunturas estadual e nacional. Na comparação com o mesmo período de 2013, as taxas de crescimento do segundo trimestre de 2014 foram negativas: 1,8% e 0,9%, respectivamente.

Na comparação com o trimestre anterior, houve retração de 2,5% no PIB do Estado. O fator preponderante para esta contração, no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro, foi a queda de 5% observada no setor industrial.

No setor de serviços, ao contrário de 2013, quando era o segmento com maior dinamismo em razão dos fortes estímulos ao consumo interno e da expectativa de incremento gerada pela Copa do Mundo, a diminuição do ritmo de criação de empregos e dos ganhos reais de remuneração da população contribuiu para uma redução do volume adicionado (1,1% em Minas Gerais e 0,5% no Brasil).

Além disso, houve pequena variação negativa (-0,5%) no valor adicionado da agropecuária mineira, em relação ao trimestre imediatamente anterior.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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