Consumidor deve começar 2015 ainda mais endividado por conta do Natal

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Mesmo com o maior número de pessoas dispostas a presentear neste final de ano, os clientes querem gastar menos, tanto que as compras vão se limitar apenas a até quatro itens

 



A percepção de que os preços estão mais altos deve levar o consumidor a acreditar que gastará até 30% a mais neste ano, comprando o mesmo número de presentes de Natal adquiridos ano passado. Assim, boa parte dos brasileiros deverá começar 2015 ainda mais endividados do que este ano.

"O consumidor quer economizar e por isso manterá o mesmo número de presentes adquiridos no ano passado (quatro itens). Mas foi constado que eles esperam aumentar o tíquete médio da compra, baseados na inflação que tem elevado o preço dos produtos", explicou a economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Marcela Kawauti.

No ano passado o gasto ficou em R$ 86,59; para este ano a estimativa de gasto está em R$ 122,40, o que representa aumento real - já descontada a inflação - de 30%.

"As pessoas vão comprar o mesmo número de presentes, só que vão gastar mais. Como fechar essa conta? Usando o cartão de crédito", explicou ela. Dos mais de 600 respondentes da pesquisa, 27% deles pretendem usar o cartão de crédito parcelado para fazer as suas compras de Natal.

No ano passado, esse percentual era de 16%. A estimativa é que essas compras sejam parceladas em até cinco vezes, o que deixará o bolso dessa parcela da população comprometido até o mês de maio de 2015.

Tendência

Os dados referem-se à pesquisa encomendada pelo SPC Brasil em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Realizada em 27 estados, o levantamento identificou que 87% dos consumidores pretendem presentear no período e os shoppings serão os locais de maior procura pelos brasileiros. "Depois de problemas com a entrega de produtos comprados na internet, o consumidor diminuiu a intenção de compra no canal. Os shoppings aparecem com 62% de procura por parte dos brasileiros; seguidos de lojas virtuais (e-commerce) com procura de 40% e lojas de rua, 27%.

Volume de venda

Nem o gasto maior será capaz de fazer com que o Natal seja o responsável por salvar o varejo de um ano fraco. "As vendas não vão chegar a dois dígitos", afirmou ao DCI, o gerente financeiro das entidades mencionadas, Flávio Borges.

Em São Paulo, principal região do comércio do País, a estimativa é de 3% de aumento das vendas no Natal, segundo a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo (FCDLE-SP).

Apesar disso, os empresários apostam na recuperação do comércio nestes dois últimos meses com a antecipação de promoções e o recebimento do 13º salário - que deve injetar R$ 158 bilhões, montante superior em 10,1% aos R$ 143 bilhões do ano passado - dos consumidores. "As classes C, D e E serão as mais afetadas com essa conjuntura econômica, pois são os primeiros a sentir a diminuição da renda", explicou o especialista.

Ainda segundo Borges, para 2015 a perspectiva é de um cenário similar ao atual. "Qualquer medida do governo surtirá efeito após seis meses apenas", disse o analista, ressaltando que, 2015 será um ano tão complexo como este.

Questionado sobre quais medidas ajudariam a impulsionar o consumo, Borges mencionou: a desoneração da folha de pagamento, a redução da carga tributária e a criação de linhas de crédito específicas ao setor. O ânimo dos empresários também está abalado. Recentemente, a CNDL divulgou a expectativa de contratação de temporários. Mesmo com a perspectiva maior de contratação, a chance de efetivação está muito abaixo dos anos anteriores. "Os empresários estão menos otimistas que os consumidores", como enfatizou o especialista.

O analista ressaltou, porém, que frente a outros setores mais sensíveis ao desarranjo econômico - por exemplo, a indústria -, o comércio mostra-se mais resiliente. "Demoramos mais para sentir".

Outro termômetro curioso é o estudo do Euromonitor International, que estima no varejo brasileiro crescimento à taxa média anual de 7,1% entre 2014 e 2019. O ritmo é superior ao da média do varejo global, estimada em 6,4%.

Categorias

Roupas e calçados, dois setores que reclamaram muito de seus índices de venda estão entre as categorias que devem ser as mais procuradas pelo consumidor para o Natal. No ranking de intenção de consumo das entidades, as roupas aparecem na primeira posição, com 77% da intenção de compra, seguidas dos calçados, com 50% e perfumes e cosméticos, com 45%. Na comparação anual, percebe-se crescimento do interesse em produtos como calçados mais do que no ano passado: a procura foi de 38% e para este ano está em 50%. Perfumes e cosméticos também apresentaram variação positiva, de 33% no ano passado para 45% este ano.

Os eletrônicos também são itens com bom volume de venda. Na pesquisa da CNDL os smartphones estão com maior intenção de compra, subindo de 12% para 20%. A pesquisa identificou que as mães aparecem em primeiro lugar na relação dos mais presenteados, com 56% dos consumidores dispostos a presenteá-las, seguidos pelos filhos e filhas, com 53%; cônjuges 52%; pai 36%; amigos 22% e namorados/ namoradas com 20%. Os mais velhos são mais cautelosos e os mais jovens não.




Veículo: DCI


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