Crise reduz confiança em ajuste econômico

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Contas públicas de 2014 piores que o esperado e dificuldade para aprovar medidas no Congresso abatem previsões
Analistas ouvidos pelo BC agora estimam que governo fará só 1% de economia no ano; meta de Levy é 1,2% do PIB

 

 



O país vai terminar o ano com economia estagnada, inflação acima de 7% e sem que o governo tenha conseguido cumprir a meta fiscal anunciada pelo ministro Joaquim Levy. Esse é o cenário traçado por economistas na mais recente sondagem feita pelo Banco Central e divulgada nesta segunda-feira (9). Na área fiscal, economistas consultados pelo Banco Central revisaram de 1,15% para 1% do PIB (Produto Interno Bruto) a projeção de superavit do setor público em 2015. O ministro Joaquim Levy (Fazenda) prometeu entregar um resultado de 1,2%.

Os analistas consultados também não acreditam que a economia brasileira entrará em um processo de forte recuperação nos próximos anos, passada a fase de ajuste nas contas públicas e na taxa básica de juros. Pela primeira vez, projetam variação zero para o PIB de 2015. Para os três anos seguintes, as previsões continuam sendo revistas para baixo e passaram de uma média de 2,5% para o período 2016-2018, feita em outubro, para 1,8% na nova pesquisa.

No primeiro mês após a reeleição, a estimativa para o superavit das contas públicas caiu de 1,5% para 1% do PIB. O anúncio da nova equipe econômica, em novembro, e os cortes de gastos no Orçamento e em benefícios sociais, entre dezembro e janeiro, não foram suficientes para mudar essa expectativa. Posteriormente, após o pacote de aumento de tributos, incluindo aqueles cobrados em operações de crédito e nos combustíveis, os analistas melhoraram suas projeções, que chegaram a 1,15%.

No fim de janeiro, no entanto, foram conhecidos os dados das contas públicas de 2014, que mostraram resultado pior que o esperado --primeiro deficit desde 1997, de 0,6% do PIB. Ao mesmo tempo, surgiram sinais de dificuldades para a aprovação de medidas já anunciadas de cortes de gastos e aumento de receitas que precisam de aprovação do Congresso (leia mais no caderno "Poder").

Esses fatores levaram a uma nova rodada de revisão para baixo nas projeções.

Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners, afirma que serão necessários novas medidas de aumento de impostos e um corte orçamentário maior para preencher a diferença entre a previsão do mercado e a meta prevista. "O governo deve agir e encontrar uma maneira de cumprir a meta", afirmou o economista.

Até o momento, o único indicador que tem reagido positivamente às medidas do governo são as projeções de inflação a partir de 2016. A estimativa para o IPCA (índice oficial de preços ao consumidor) para 2015 continua subindo e chegou a 7,15%. As previsões para os anos seguintes recuaram e estão em torno de 5,5%.

O BC trabalha para trazer o índice de preços para 4,5% no fim de 2016. Nas projeções da pesquisa Focus, a inflação só se aproxima desse patamar em 2019, no próximo mandato presidencial. Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (8) mostrou que a piora no cenário econômico está entre os principais fatores que levaram Dilma Rousseff a atingir o pior índice de aprovação de um presidente desde 1999.



Veículo: Folha de S. Paulo


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