Com a dificuldade crescente para captar recursos externos, presente antes mesmo de o País perder o grau de investimento conferido pela agência Standard & Poor’s, o comércio exterior torna-se ainda mais relevante para o equilíbrio do balanço de pagamentos do que sempre foi. Por isso, o superávit de US$ 1,442 bilhão das primeiras duas semanas do mês e o saldo favorável dos primeiros 8 meses do ano devem ser vistos como um ponto positivo, após o déficit na balança comercial de 2014.
Até o dia 13 de setembro, o superávit da balança (diferença entre exportações e importações) acumulado no ano foi de US$ 8,7 bilhões, US$ 1,3 bilhão menos do que os US$ 10 bilhões estimados para todo o ano pelo boletim Focus, do Banco Central, divulgado ontem. As projeções estão mudando rapidamente e o Bradesco já prevê que o superávit de 2015 poderá atingir US$ 16 bilhões. Para 2016, as previsões do Focus superam US$ 20 bilhões.
As médias diárias de exportação são fracas, dada a queda das vendas de básicos como farelo de soja, petróleo, algodão, minério de ferro, fumo em folhas, café e frango.
Mas os manufaturados começam a recuperar a competitividade, dada a desvalorização do real e o esforço de empresas de produzir para o mercado externo, compensando a fraqueza do mercado local.
A média diária de exportações de setembro foi de US$ 801,5 milhões, 3,4% superior à media do ano e 8,7% maior que a do mês passado. É pouco, mas nenhum resultado deve ser ignorado em conjuntura tão difícil. A balança comercial ajuda a reduzir o déficit na conta corrente do balanço de pagamentos, que alcançou US$ 104 bilhões em 2014 e é estimado em US$ 73,5 bilhões em 2015.
Não há dúvida de que os números do comércio exterior continuam deixando a desejar. O superávit se deve à queda expressiva das importações. Entre os primeiros dias de setembro de 2014 e de 2015 a média diária de importações caiu 33,5%, de US$ 934,5 milhões para US$ 621,3 milhões – consequência da paralisia da economia. A corrente de comércio (soma das exportações e das importações) deste ano é estimada em apenas US$ 391 bilhões (foi de US$ 455 bilhões em 2014) – e é a melhor medida da importância do comércio exterior para o dinamismo da economia.
Mas não obstante os obstáculos à exportação (como infraestrutura precária, tributos altos e baixa produtividade), dela depende a economia para reconquistar algum vigor.
Veículo: Jornal O Estado de S.Paulo