Nos sete anos da Sondagem das Expectativas do Consumidor, desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), nunca foi tão forte a falta de confiança e tão grande a descrença numa recuperação. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 5,3% entre agosto e setembro e 25,9% entre setembro de 2014 e setembro de 2015 – muito mais do que as quedas mensal de 1,7% e anual de 21,2% apuradas em agosto.
Os fatores determinantes do recuo já são bem conhecidos – enfraquecimento da atividade econômica e do mercado de trabalho, inflação elevada e aumento das incertezas –, mas a coordenadora da sondagem, Viviane Seda Bittencourt, foi adiante nas explicações: “Para mudar esse cenário serão necessárias uma sucessão de boas notícias no front econômico e a atenuação das tensões no ambiente político”. Nada disso parece ser possível no horizonte de curto prazo.
Os recordes de queda do ICC para os menores níveis históricos ocorrem pelo quarto mês consecutivo. Os indicadores são ruins tanto nas capitais pesquisadas como por nível de renda, levantados em 2.363 domicílios entre os dias 1.º e 15 deste mês e ajustados pela sazonalidade.
O ponto mais elevado do ICC foi alcançado em abril de 2012 (127,8 pontos) – e desde então o declínio foi quase ininterrupto, salvo em momentos como o terceiro trimestre de 2013 e o segundo trimestre de 2014. Sendo 100 a linha de corte dos campos positivo e negativo, o ICC chegou a 76,3 pontos neste mês – 30,7% abaixo da média dos últimos cinco anos, de 110,2 pontos.
O ICC é composto pelo Índice de Situação Atual (ISA) e pelo Índice de Expectativas (IE). O grau de satisfação com a situação econômica atual caiu a 17,8 pontos, notou Viviane. Apenas 3% dos consumidores afirmam que a situação econômica está “boa”, enquanto 85,2% a consideram “ruim”.
O IE de 81,1 pontos superou o ISA de 67,1 pontos e ajudou a melhorar a média, mas o Indicador de Compra de Duráveis para os próximos seis meses caiu sem cessar desde março e apenas 9,3% dos consumidores pretendem comprar mais, enquanto 46,5% pretendem comprar menos do que nos seis meses anteriores.
A recessão é tão intensa no varejo que obriga as empresas a adotar políticas inovadoras para atrair consumidores, seja com promoções, seja treinando o pessoal para atender os clientes com crescente profissionalismo, o que nem sempre acontece.
Veículo: Jornal O Estado de S.Paulo