Pesquisa aponta que SC pode ser o primeiro Estado a escapar da crise do consumo

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Uma pesquisa inédita da Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio-SC) avaliou nove segmentos do varejo no Estado e constatou que cinco setores tiveram queda na comparação com o ano passado. E, mesmo nos quatro que tiveram crescimento, a alta foi menor do que o ritmo registrado em anos anteriores à desaceleração da economia.

Mas há duas notícias positivas dentro desse cenário de crise: a queda nas vendas catarinenses foi menor do que a média no Brasil, sinalizando um impacto menos duradouro, e o volume total de vendas reverteu uma tendência negativa que vinha desde o ano passado. Com isso, os resultados passaram a ter um crescimento mínimo, mas positivo, apontando para uma melhoria futura.

— Aqui as quedas estão mais distribuídas entre todos os setores. E a perspectiva de retomada é mais cedo do que a nacional: na metade do segundo trimestre de 2016, enquanto no país ela está prevista para o segundo semestre do ano que vem — explica Luciano Córdova, economista da Fecomércio SC responsável pelo estudo.

A pesquisa O consumo atual em Santa Catarina mostrou, com base em dados do IBGE, que o comércio varejista no Estado ainda conseguiu crescer 0,1% enquanto o Brasil já teve uma queda de 3%. A análise mede o comportamento até agosto deste ano, e compara a variação com o mesmo mês de 2014.

Na comparação com outros Estados, Santa Catarina aparece em quinto lugar, perdendo para Roraima, Sergipe, Acre e Mato Grosso do Sul. Parece pouco, mas é necessário comparar que esses outros Estados não têm mercados consolidados como o catarinense. Ao avaliar ao lado de economias mais desenvolvidas, o varejo catarinense está melhor do que São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e Rio Grande do Sul, por exemplo.

O que fica mais próximo de Santa Catarina é o Paraná, com uma queda de 0,9% no índice de volume e receita de vendas no comércio. Ainda assim um resultado negativo. O maior problema está, no entanto, na falta de perspectiva para a superação desse cenário e a volta aos.

— Você não vê nenhuma luz no fim do túnel enquanto não se resolver o problema político. Se os partidos não deixarem suas vaidades de lado para se entenderem, será difícil prever momentos melhores — disse Bruno Breithaupt, presidente da Fecomércio-SC e membro do conselho das lojas de material de construção Breithaupt.

Aqui no Estado, ganham destaque os comportamentos dos setores de "livros, jornais, revistas e papelaria", que se mantiveram estáveis contra uma queda de quase 10% nas vendas no cenário nacional, e também os resultados ainda positivos, apesar da desaceleração, nas vendas de "combustíveis e lubrificantes" (3,4% contra -3,9% no Brasil), e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (5,6% em SC e 4,2% no BR).

— Ticket médio para presente é menor na livraria e acredito que isso está nos ajudando. Eu diria que estamos conseguindo driblar a crise — explica Rosinete Werle, superintendente de varejo em Florianópolis das lojas da Livraria Catarinense, comemorando boas vendas no Dia das Crianças.

Na questão dos combustíveis, apesar do aumento, os donos de postos relatam uma impressão de queda. Isso ocorre porque o crescimento das vendas vinha acelerado nos últimos anos e agora está desaquecendo, disse o economista da Fecomércio.

— O revendedor nos fala que está enfrentando dificuldades. Com a crise, a economia está sendo de forma geral, inclusive de combustível — diz o Presidente do Sindicato do Comércio de Derivados de Petróleo do Litoral Catarinense, Giovani Testoni.

Na ponta negativa, aparece um tipo de bem que depende fundamentalmente de crédito para a compra. A maior queda foi na venda do setor de "móveis", com -13,9%, mas acompanhando a tendência nacional, -13,8%. A perspectiva se repete na compra de eletrodomésticos (geladeiras e máquinas de lavar, por exemplo) e equipamentos de informática e comunicação (como notebooks e smartphones).

"A percepção de acesso ao crédito por parte dos consumidores catarinenses caiu consideravelmente entre agosto de 2014 e setembro de 2015, atingindo os menores níveis da série histórica", relata o estudo. Pela primeira vez desde que começou a ser medido, está em um patamar considerado negativo.

— Nossas estatísticas estão mostrando isso. Tem uma queda menor nos móveis para a classe alta, mas houve uma queda grande nas vendas para a classe média. Estamos tentando compensar com exportações, mas a movimentação para vender para fora é um pouco mais demorada para fechar contratos — conta Antônio Franzoni, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul e da empresa da Artefama, que produz móveis.

 



Veículo: Jornal Diário Catarinense - SC


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