Superávit nos primeiros sete meses do ano, de US$ 28 bilhões, é o maior da história
Foi o superávit da balança comercial brasileira em julho, o melhor resultado para o mês desde 2006. Acumulado do ano, de US$ 28,2 bilhões, é o maior da série histórica, de 1989 -BRASÍLIA- Com as importações caindo a taxas maiores que as exportações, a balança comercial brasileira registrou, em julho, superávit de US$ 4,57 bilhões. É o melhor resultado para o mês desde 2006, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).
No acumulado do ano, a balança acumula superávit de US$ 28,2 bilhões. Na parcial de 2016, as vendas para o exterior somaram US$ 106,6 bilhões, e as compras, US$ 78,4 bilhões. O resultado é o maior superávit para os sete primeiros meses do ano desde o início da série histórica, em 1989, e já supera o registrado ao longo de 2015 (US$ 19,69 bilhões).
Apesar do saldo positivo, o comércio exterior brasileiro ainda não foi capaz de aumentar as receitas de exportações. Em julho, as vendas para o exterior somaram US$ 16,3 bilhões, queda de 3,5% na média diária em relação ao mesmo mês de 2015.
Com menos vendas, o superávit é explicado pela retração acentuada das importações — resultado da baixa atividade econômica no mercado doméstico. Os desembarques em julho somaram US$ 11,8 bilhões, um tombo de 20,3% em relação ao mesmo período do ano passado, pelo critério da média diária importada. VENDA DE PLATAFORMA AFETA RESULTADO Esse desempenho se repetiu ao longo deste ano, até agora. Segundo dados do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), até o mês passado, as exportações caíram 5,6%, na comparação com o mesmo período de 2015. Já as importações tiveram uma queda de 27,6%.
Por outro lado, o perfil da balança mostra que o empresariado brasileiro está exportando com preços mais baixos em dólar, mesmo com a desvalorização da moeda americana ocorrida nos últimos dois meses. Em julho, a quantidade de produtos exportados aumentou 2,6%, na comparação com 2015, mas o valor vendido caiu 5,9%. O volume de compras foi 13,5% menor que no ano passado, e os preços recuaram 7,9%.
Em julho, caíram as vendas para o exterior dos produtos básicos (14,7%), enquanto aumentaram os embarques de semimanufaturados (10,1%) e manufaturados (7,3%), em relação a 2015. E houve redução generalizada nos principais produtos comprados do exterior, com destaque para combustíveis e lubrificantes (-40,7%), bens de consumo (-29,8%), bens de capital (-21,2%) e bens intermediários (-13,5%).
O saldo comercial em julho é explicado também pelo registro da venda, ocorrida só no papel, de uma plataforma de petróleo, que aumentou as exportações em US$ 923 milhões. Trata-se de uma operação contábil, em que o equipamento continua no Brasil.
O Mdic estima, para este ano, uma diferença positiva entre compras e vendas no exterior entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões, o que seria um recorde histórico no saldo da balança. Na avaliação do diretor de Estatística e Apoio à Exportação do ministério, Herlon Brandão, a recente desvalorização do dólar não deve ter impacto sobre as exportações.
— Acompanhamos de perto o desempenho da balança e, por enquanto, não vimos motivos para acreditar que a taxa de câmbio vai influenciar. No primeiro semestre, tivemos uma cotação do dólar 21,4% superior em relação ao mesmo período do ano passado. A média do ano vai ficar maior que todo o ano passado — explicou o diretor.
Brandão afirmou, ainda, que o resultado das exportações em 2016 se deve a uma queda nos preços das commodities, que ainda não deram sinais de melhora:
— Os motivos da queda das importações e exportações são distintos. A importação está extremamente ligada à atividade econômica nacional, já a redução da exportação está ligada à queda dos preços das commodities. O câmbio é um fator que influencia, mas os mais determinantes são as demandas externa e interna.
Veículo: Jornal O Globo