Pela manhã, moeda chegou a ser negociada a R$ 3,236. Bolsa de SP avança 0,80%
-RIO E SÃO PAULO- O tom de cautela expresso na ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), divulgada ontem, amenizou a valorização do dólar no mercado de câmbio brasileiro. A moeda americana, que pela manhã chegou a subir 1,3%, encerrou o dia com alta de 0,5%, cotada a R$ 3,211. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que operou boa parte do dia em queda, fechou com ganho de 0,80%, aos 59.323 pontos.
Ricardo Gomes da Silva Filho, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio, explicou que a alta mais forte do dólar pela manhã, quando alcançou a máxima de R$ 3,236, deveu-se à expectativa de que a ata trouxesse um tom mais agressivo em relação à condução da política monetária nos Estados Unidos, sinalizando a elevação dos juros básicos já setembro. O documento foi divulgado às 15h (horário brasileiro).
— Contrariamente às expectativas, o comunicado mostrou que a instituição quer esperar pelas possíveis sequelas da saída do Reino Unido da União Europeia. Como consequência, a divisa rumou para as mínimas da sessão — disse.
Um juro maior nos EUA — a taxa hoje está entre 0,25% e 0,50% ao ano — tende a atrair investidores, que, com isso, retirariam recursos de países emergentes, como o Brasil. Mas a ata da reunião de 26 e 27 de julho mostra que o Fed está preocupado tanto com os efeitos do Brexit como com a persistência da inflação baixa.
BC MANTÉM LEILÕES DE ‘SWAP’ No cenário interno, o Banco Central (BC) fez mais um leilão de 15 mil contratos de swap reverso (que corresponde a uma compra futura de dólares e, por isso, tende a pressionar a moeda para cima).
A ata do Fed fez com que os principais índices americanos encerrassem em alta. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 0,12%, e o S&P 500, 0,19%. A cotação do petróleo também avançou — o barril do Brent ganhou 1,26%, a US$ 49,85 —, puxando os papéis do setor.
No Ibovespa, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras tiveram alta de 2,16%, a R$ 12,76, enquanto as ordinárias (ON, com voto) subiram 1,70%, a R$ 14,91. A Vale também registrou ganho no fim do pregão, apesar do recuo de 1,87% do minério de ferro no exterior. Os papéis PN avançaram 0,12%, e os ON, 0,73%.
As maiores altas, no entanto, foram registradas pelos papéis da Gerdau (3,44%) e sua controladora, a Gerdau Metalúrgica (3,92%), beneficiada pela demanda da China, onde os estoques de aço estão em queda.
— Eles são especializados em aços longos, usados em obras de infraestrutura, e o mercado tem expectativa de retomada dos projetos — diz Rafael Ohmachi, analista da Guide Investimentos. — São líderes neste segmento. (Juliana Garçon e Ana Paula Ribeiro
Fonte: Jornal O Globo