Um pacote de bondades é tudo o que os empresários do comércio varejista de Salvador querem dos bancos. E esse pacote implica não apenas na abertura de linhas de financiamentos a juros subsidiados, mas também as facilidades de acesso, como a desburocratização na documentação exigida, e menos rigor nos critérios de concessão das linhas de crédito.
A aposta de sucesso está no fato que o setor de serviços e comércio representam, juntos, mais de 70 da geração de mão-de-obra em Salvador e a maior parcela do Produto Interno Bruto (PIB) da capital. Com esse objetivo é que empresários do setor lojista e representantes dos principais bancos públicos e privados do País se reuniram ontem pela manhã para tentarem encontrar um denominador comum, que significa mais linhas de crédito e mais possibilidades de negócios.
De um lado os empresários, representados pela Câmara dos Dirigentes Lojistas de Salvador (CLD) e nacional (FNCDL). Do outro lado, representantes dos bancos do Brasil, Nordeste, Desenbahia, Bradesco, Caixa e Santander, além do Sebrae. Entre os dois setores, a busca por uma saída que permita ao comércio varejista alavancar as vendas, fazer circular o dinheiro nas lojas e, conseqüentemente gerar mais empregos e movimentar a economia.
"Dinheiro existe. Falta o acesso a ele", diz o presidente da Câmara Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Antoine Tawil. Segundo ele, o maior dilema é que 90% do comércio varejista não só em Salvador, mas em quase todo o País, trabalham com linhas de financiamento, ou seja, dinheiro que é dos bancos, mas que lhes permitem repor os estoques de mercadorias. Com a crise econômica, contudo, parte significativa dos lojistas ficou inadimplente e impossibilitado ou de renovar as linhas de financiamento ou de iniciar uma carteira de crédito. "Queremos flexibilizar essas exigências para que possamos financiar as comporás", diz Tawil.
Financiamento
Com toda crise recessiva no País, o dinheiro existe e está disponível no mercado. Pelo menos é o que garante o gerente de Mercado de Pessoa Física e Jurídica do Banco do Brasil na Bahia, Luis Juriolli, ao afirmar que os bancos, de uma forma geral, têm procurado facilitar o acesso ás linhas de crédito e procuram oferecer vantagens a setores específicos da economia.
Segundo explicou, a redução dos custos dos financiamentos podem ser conseguidos com algumas medidas que variam de banco para banco, como a isenção do pacote de tarifas bancárias ou mesmo a redução das taxas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Ele cita como exemplo o fato de que o Banco do Brasil abriu uma linha de crédito para os lojistas para o período do Dia das Mães em Salvador, criando um programa específico para micros e pequenos empresários lojistas.
Por esse pacote, o financiamento pode ser obtido mediante um limite de crédito pré-aprovado, onde há redução do IOF, carência de três meses para o pagamento da primeira parcela e prazo de 24 meses. Segundo explicou, 90% dos recursos vêm do PASEP, o que implica em menor custo do financiamento. A idéia do banco é atingir o mínimo de mil empresários em Salvador.
Para o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Salvador, Alberto Nunes, acredita que a economia já passou pelo pior momento, mas admite que os lojistas enfrentam dificuldades para retomarem as vendas porque a grande maioria está descapitalizada. "Trabalho na maior parte com linhas de crédito e sem elas não há como repor estoques", admite.
Para ele, os principais problemas são as elevadas taxas de juros dos financiamentos, e as exigências, que inviabilizam as linhas de crédito, principalmente para os pequenos e micro empresários. Alberto Nunes destaca que são mais de 10 mil estabelecimentos, que agregados geram mais de 200 mil empregos. "O dinheiro não está circulando e isso trava a economia. Precisamos repor estoques e para isso precisamos de crédito, que existe na praça, mas cujo acesso é extremamente difícil", desabafa.
Fonte: Tribuna da Bahia