São Paulo - Depois de ter crescido 0,6% em 2016, em termos reais, o setor atacadista distribuidor enfrentou um cenário desafiador no início deste ano. No primeiro trimestre, o ramo acumulou uma queda de 6,15% no faturamento, na comparação interanual, impactado pelo quadro ainda fraco de consumo e pelo desemprego.
Os dados, divulgados ontem (24) pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) e pela Nielsen, sinalizam, no entanto, para uma tendência de reversão nos próximos meses, de acordo com a entidade.
O presidente da Abad, Emerson Destro, afirma que a expectativa para o segundo trimestre é de mudança no cenário visto nos primeiros três meses, com um resultado positivo de abril a junho. A partir do segundo semestre, a previsão é de um avanço ainda mais consistente, culminando em um crescimento de pelo menos 1% no consolidado do ano. "Temos que ser otimistas, apesar do banho de notícias ruins que temos recebido", afirma.
O executivo explica que o desempenho do primeiro trimestre foi muito impactado pelo mês de fevereiro, que apresentou vendas fracas. Em março, por sua vez, o faturamento já mostrou uma leve melhora. De acordo com o levantamento da Abad, o mês de março viu um avanço de 16,5% nas vendas, frente ao mês de fevereiro, e um recuo de 2,23%, na comparação com o mesmo período de 2016.
Ranking ABAD
Na data, a entidade apresentou também o resultado da pesquisa 'Ranking Abad/Nielsen 2017', que mediu o faturamento do setor no ano passado. De acordo com o estudo, o ramo apresentou um faturamento de R$ 250,5 bilhões (alta real de 0,6%, frente a 2015).
Considerando apenas as 572 empresas respondentes da pesquisa, no entanto, o avanço foi relativamente maior, e ficou em torno de 3,8% - também já descontada a inflação de 2016. De acordo com a diretora da Nielsen, Daniela Toledo, o principal destaque do levantamento foi o crescimento consideravelmente maior das redes de médio porte. "A regionalização dessas empresas é um dos principais fatores que explicam o desempenho superior, já que a atuação mais próxima da área permite uma maior aproximação com o cliente".
Os atacadistas de médio porte que responderam o estudo da Abad, e que faturaram entre R$ 542 milhões e R$ 1,5 bilhão, viram uma alta de 7,2% no período, enquanto os de grande porte (com faturamento entre R$ 1,6 bilhão e R$ 8,2 bilhões), cresceram na média do mercado, próximo de 0,6%.
Além disso, a pesquisa mostrou que as redes com atuação em apenas um estado cresceram 5,8%. Já as que operam em dois ou mais estados viram alta de 3%. "Existem algumas redes regionais que, apesar da redução do consumo, seguem investindo", afirma Destro.
Pedro Arbex
Fonte: DCI São Paulo