A produção industrial brasileira encerrou 2018 com expansão de 1,1%, o segundo ano seguido de crescimento. após três anos de queda, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. Em 2017, o setor havia crescido 2,6%, o que mostra que a indústria, embora ainda em patamar positivo, desacelerou no ano passado. A ponto de o desempenho de dezembro frente ao mesmo mês do ano passado ter ficado negativo em 3,6%.
— Houve queda considerável da produção em maio, por causa da greve dos caminhoneiros. Embora a indústria tenha apresentado um certo crescimento em junho, houve redução nos meses seguintes. Foram quatro meses de recuo, com saldo em negativo. Se comparamos o patamar (quanto o setor estava produzindo) que estava a indústria em junho, vimos que segunda metade do ano está marcada por recuos — explica André Macedo, gerente de Indústria, do IBGE.
Entre as atividades econômicas, veículos automotores foram os que mais contribuíram para o resultado positivo no ano, com alta de 12,6%. Outras atividades que ajudaram foram a metalurgia, com avanço de 4%, e celulose, com variação positiva 4,9%. Entre as atividades que puxaram a indústria para baixo estão os produtos alimentícios que caíram 5,1%.
Segundo Macedo, para além da greve dos caminhoneiros, empresários e famílias se retraíram, esperando a definição do quadro eleitoral.
— Além disso, a crise argentina e o mercado de trabalho ainda fraco, com um contingente importante de trabalhadores fora do mercado também explicam o arrefecimento da produção no segundo semestre. O ano de 2018 fechou com uma velocidade menor do que como terminou o ano de 2017.
O número veio de acordo com as projeções dos especialistas. O Ibre, da Fundação Getulio Vargas (FGV), previa alta exatamente de 1,1%. A expectativa para a indústria em 2019 segue positiva. Segundo o mais recente Boletim Focus, do Banco Central (BC), a produção deve crescer 3,04% este ano.
Investimentos aumentam
Os chamados bens de capital (máquinas e equipamentos) que mostram o investimento na economia, subiram 7,4%, praticamente a mesma elevação, 7,6%, dos bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, carros).
Macedo afirma que, no mês de dezembro, apesarda alta de 1,5% na produção de alimentos, foi depois de quatro meses de queda. O avanço não supera as perdas registradas entre junho a outubro. Desses, um elemento importante é o açúcar. Setor extrativo, com alta de 1,3%, e alimentícios foram os principal avanço em dezembro.
Segundo o economista do IBGE, a crise argentina provocou diminuição da produção de automóveis. Nos últimos meses do ano, houve queda, embora no ano tenha sustentado a pequena alta da indústria:
— No último ano, a crise argentina afetou as exportações, e a interrupção desse canal afeta a produção industrial. Para esse ano, pode-se esperar mais exportações. Todo ambiente de incerteza afeta as decisões do empresariado e famílias, nos investimentos e consumo. Em janeiro, houve um salto no nível de confiança, o que afeta positivamente a produção.
Fonte: O Globo - Rio de Janeiro