O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), calculado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), caiu 1,9% em abril ante março. A baixa, que foi a segunda seguida, se dá em um momento em que o varejo começa a estimular as compras de bens duráveis para o Dia das Mães.
Os números, que tratam da intenção de compra em abril se somam à queda de 0,4% vista em março e mantem o indicar abaixo dos 100 pontos, cifra que divide o cenário positivo do negativo para aquisição de bens duráveis. Vale lembrar que a última que vez que o indicar foi maior que 100 pontos se deu em abril de 2015, quando o índice marcava 102,9 pontos.
"As incertezas de curto prazo quanto aos rumos da economia, em virtude principalmente das dificuldades de melhora no mercado de trabalho, contribuíram para compor um quadro de relativo desânimo entre as famílias brasileiras", afirmam os economistas da CNC, em nota.
Buraco mais embaixo
Além da segunda queda consecutiva, a CNC destacou que todos os subíndices que compõem o ICF apresentaram queda na passagem de março para abril. Isso não acontecia desde julho do ano passado, "quando a economia do País ainda se recuperava dos prejuízos causados pela greve dos caminhoneiros", diz a nota.
Os subíndices Momento para Duráveis (-5,8%) e Perspectiva de Consumo (-3,3%) foram os que mais influenciaram a retração no ICF, seguidos pela Perspectiva Profissional (-1,7%) e a avaliação quanto ao Emprego Atual (-1,6%).
Além da menor disposição de compra, outro fator que afeta o consumidor é o acesso mais restrito ao crédito. Cerca de 39% dos entrevistados reportaram mais rigidez das empresas para liberar recursos.
“O indicador mostra que o Dia das Mães, que é um período de alto volume de vendas de eletrodomésticos e eletrônicos poderá ser ainda mais fraco que o previsto”, argumenta a consultora de varejo da B2GO, Bianca Rinaldi.
De acordo com ela, a sinalização do indicador irá afetar a composição dos estoques das varejistas, o que atrapalha o desenvolvimento também da indústria. “O que se desenha é que o setor de bens duráveis terá mais um ano de retração, demissão e dificuldades”, diz.
Fonte: DCI