Dividir o valor de uma compra em várias prestações é um hábito comum do consumidor brasileiro, mas é preciso ter cuidado para que o uso do crédito não se transforme em uma armadilha para o bolso. Um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em todas as capitais revela que mais da metade dos brasileiros adultos (53%) possuía alguma compra parcelada no último mês de março. Isso significa que, aproximadamente, 82,7 milhões de brasileiros estão com ao menos parte do orçamento comprometido para pagar compras feitas no cartão de crédito, cartão de loja, crediário ou cheque pré-datado.
Quase um terço (31%) das pessoas ouvidas disse estar livre de compras parceladas, mas outros 16% não souberam responder quantas prestações tiveram para pagar no último mês. Em média, os consumidores que possuem alguma compra parcelada demorarão cinco meses para que as prestações sejam totalmente quitadas. Esse tempo mais do que dobra quando se trata de empréstimos (11 meses) e dos financiamentos (12 meses).
Impulso
Quando se fala em compras parceladas, a impulsividade é um tema que surge com frequência. Por mais que pareça imperceptível, fatores psicológicos, subjetivos e emocionais exercem influência nas decisões de compra. Em cada 10 brasileiros, seis (61%) admitiram ter feito alguma compra por impulso no último mês de março ao cederem às tentações do crédito fácil. As aquisições mais feitas de forma impulsiva foram as roupas, calçados e acessórios (22%), itens em supermercados (18%), idas a bares e restaurantes (15%) e compras de perfumes e cosméticos (13%).
Na opinião dos entrevistados, as lojas online são as que mais estimulam as compras não planejadas, com 39% de citações. Em seguida aparecem as lojas de departamento (36%), acompanhadas dos shopping centers (23%) e dos supermercados (22%).
Para o educador financeiro José Vignoli, a reflexão sobre a necessidade de uma compra é fundamental para evitar a impulsividade.
"Os apelos do marketing e o estado emocional do consumidor podem ser fatores de estímulo decisivos. Muitas vezes, o consumidor não dispõe de todo o valor e vê o crédito como a única possibilidade de levar o produto de maneira imediata para casa, deixando a reflexão em segundo plano", explica Vignoli.
A pesquisa ainda mostra que, em muitos casos, pode ser vantajoso optar pelo pagamento a vista. Em cada 10 consumidores, seis (59%) conseguiram algum desconto ao pagar por uma compra em dinheiro ou no débito no último mês de março, sendo que 34% pechincharam pelo desconto para pagamento no dinheiro e 15% recebeu uma oferta do próprio lojista, caso pagasse também em dinheiro. Dentre os que receberam desconto, o percentual médio de abatimento foi de 11%. Os que não receberam qualquer desconto formam 29% da amostra.
"Pagar à vista é uma forma eficaz de economizar, pois evita o pagamento de juros, que geralmente estão embutidos nas parcelas. É comum comerciantes oferecerem descontos em compras realizadas no dinheiro, já que nesses casos eles podem abater as taxas da máquina de cartão. Então, o consumidor deve deixar a timidez de lado e pechinchar sempre", afirma Vignoli.
Fonte: Destak