Mesmo que a reforma da Previdência seja confirmada, o Brasil ainda precisará acelerar o ritmo de crescimento da economia de forma consistente antes de ter a nota de crédito elevada. A avaliação é da agência de classificação de risco S&P Global Ratings.
A agência reafirmou a nota brasileira em BB-, com perspectiva estável, o que significa que o rating do País está três degraus abaixo do nível considerado de baixo risco, o chamado grau de investimento. “Sem dúvida, a aprovação da reforma da Previdência é um passo importante para desacelerar o crescimento da relação dívida/PIB, mas o Brasil segue com um nível de atividade econômica inferior aos de países com o mesmo rating”, disse a analista principal para Brasil da S&P, Livia Honsel.
Além de ter uma expansão de Produto Interno Bruto (PIB) inferior ao da média dos países com a mesma nota, a S&P ainda revisou para baixo a estimativa de crescimento econômico do País em 2019, de 2,4% para 1%. Mesmo com o ritmo subindo para esperados 2,2% em 2020 e 2,5% nos dois anos seguintes, o Brasil ainda seguirá abaixo da média, de acordo com a analista.
A previsão da agência de riscos Moody's é de que o PIB brasileiro cresça ao redor de 1,2% neste ano e aproximadamente 2% em 2020. “Por ora, a aprovação da reforma da Previdência dá suporte ao rating atual (Ba2, com perspectiva estável), mas esperamos que governo continue com a agenda de reformas”, disse a analista líder da Moody's para Brasil, Samar Maziad.
Equilíbrio
Pelas contas da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), a reforma da Previdência tem potencial para destravar R$ 1,4 trilhão em investimentos. Estudo realizado pela entidade concluiu que a perspectiva é de que gargalos na oferta de serviços à população sejam solucionados.
“A Firjan considera a aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados um grande passo para o equilíbrio das contas públicas e a retomada do desenvolvimento no País, mas ressalta a importância da inclusão de Estados e municípios”, afirmou a entidade, em comunicado.
A avaliação é de que o déficit da Previdência nos Estados chegue a R$ 77,8 bilhões, o que tem impacto direto na oferta de serviços à população. Pelas contas da entidade, de 2014 a 2018, houve uma redução de 49,8% no volume de investimentos dos Estados, o que significou uma retração de R$ 34,7 bilhões e afetou a oferta de produtos, serviços e postos de trabalho.
“Caso Estados e municípios não sejam incluídos na reforma, o caminho para o ajuste das contas será financiado por toda sociedade, por meio de novos aumentos da carga tributária, tornando produtos e serviços mais caros”, diz a Firjan, destacando que, no Rio, cada morador contribui com R$ 663,00 ao ano para cobrir o déficit de R$ 10,6 bilhões da Previdência estadual.
Fonte: DCI