O ano começou animado. Para muitos empresários, a expectativa era de que haveria expansão dos negócios. No decorrer dos meses, contudo, a economia deu sinais de estagnação, e até o momento os indicadores ainda não sinalizaram de que possa ocorrer reversão desse quadro.
“Essa mudança de cenário alterou o motivo pelo qual o gestor foi em busca de crédito: se antes a perspectiva era para ampliar sua operação, agora, o empresário está atrás de crédito para conseguir honrar seus compromissos corriqueiros”, observa Mércia Machado Vergili, consultora da GSPP, consultoria de varejo, serviços e desenvolvimento de redes de franchising.
O segmento de franquias também refletiu essa transformação de humor. “As pessoas acham que a franquia sai se pagando desde o início. Por mais que a marca seja forte, mesmo reconhecida, tem várias questões que podem levar a precisar do capital de giro. Se não atingir o ponto de equilíbrio no tempo esperado, precisa ter esse valor para cobrir as despesas”, elucida a consultora, que salienta: “para a maioria, o custo de antecipar o recebimento de recebíveis parcelados não vale a pena.”
Conforme Mércia, é sempre importante que o empresário mantenha capital, não fazendo retiradas na sua totalidade, independente de quanto tempo tem o negócio. “Precisa ter um valor separado para cobrir alguma necessidade sem ter que ir a banco. É majoritariamente mais difícil ir a banco”, pontua.
Valores de referência
Para a consultora da GSPP, o percentual ideal de capital de giro que uma empresa deve ter é de, pelo menos, o valor correspondente ao pagamento do aluguel e dos funcionários.
“São valores mínimos que o empresário precisa ter coberto para eventualidade. Em alguns negócios, é preciso considerar nesse capital o valor usado para repor estoque. É sempre bom ter um pouco a mais que essas despesas mensais. Esse é o mínimo necessário”, orienta a pro fissional de varejo.
Para evitar imprevistos, Mércia recomenda fazer um plano de negócios, prevendo um cenário pessimista, um normal e outro mais arrojado. “É preciso entender, entretanto, que se o empresário perceber que está recorrendo ao banco toda hora para pegar capital de giro, isto não é planejamento, é um aporte na empresa, porque não está retornando esse valor para o bolso dele. Isso significa que existe erro no planejamento financeiro da empresa”, finaliza.
De acordo com dados do Banco Central, os empréstimos para capital de giro tiveram avanço de 48,7% no País em maio, no comparativo com os dados de um ano antes.
A modalidade alcançou R$ 18,670 bilhões em financiamentos, o maior patamar desde dezembro de 2016, quando estava em R$ 19,773 bilhões. A expectativa, segundo a instituição, é de aumento na procura por linhas de curto prazo.
Os juros da modalidade, por sua vez, ficaram em 17% ao ano, valor que representa queda de 0,7 ponto percentual na mesma base de comparação com 2018.
Fonte: DCI