O percentual de paulistanos endividados alcançou o maior índice da série histórica, iniciada em 2010. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), 59,9% das famílias estavam endividadas em setembro. Este número representa um crescimento de 1,9 ponto percentual em relação ao observado em agosto e 5,4 p.p acima do visto em setembro do ano passado.
No total, 2,36 milhões de lares permanecem com algum tipo de dívida, 230 mil a mais do que no mesmo período de 2018. A inadimplência também foi recorde, com 859 mil famílias com dívidas atrasadas, ou seja, 21,8% estão inadimplentes.
De acordo com a Fecomércio, parte deste aumento do endividamento está relacionada à retomada do consumo, o que é positivo. O estudo verificou que 12% das famílias paulistanas pretendem contrair algum crédito ou financiamento nos próximos meses e desses, 71% irão usar o valor para compras e consumo em geral, 17% pagarão dívidas e 10% contas. Assim, o consumidor troca uma dívida por outra com taxa de juros mais barata.
Diante das dificuldades financeiras ainda resultantes da crise econômica, os consumidores buscam se adaptar e consumir de acordo com as suas disponibilidades de pagamento. A maioria dos pesquisados apontou o dinheiro como a forma mais vantajosa. Em segundo lugar, aparecem as compras parceladas no cartão de crédito, com 27,6% da preferência, seguidas de cartão de débito, com 21,3%.
A preferência entre as diferentes modalidades de pagamento variam conforme a renda. Para as famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos, o mais vantajoso é o pagamento em dinheiro (44,3%), enquanto para o grupo com renda mais alta, o maior percentual foi de compra com cartão de crédito parcelado (30,8%).
Para atender e atrair o consumidor neste cenário, o empresário precisa avaliar qual a melhor opção para o seu público. Quem atende uma população de renda mais baixa, o foco pode ser nas ofertas à vista (débito e dinheiro) para deixar o fluxo de caixa mais saudável. Para o perfil de clientes com renda mais alta, o foco deve ser o parcelamento.
Para abrir ou ampliar uma empresa, pode ser necessário contrair dívidas. Mas se isso não for bem conduzido, pode-se colocar em risco a sustentabilidade dos negócios. O recomendado é fazer um controle rigoroso sobre as dívidas, inclusive se valendo de cálculos que demonstrem a evolução dos débitos em relação à receita. Isso é ainda mais importante na gestão de pequenos e médios negócios, que encontram mais dificuldades para obter crédito para cobrir eventuais furos no fluxo de caixa e para pagar dívidas.
Outro passo importante é que os empreendedores, antes de contrair crédito, negociem seus débitos com fornecedores, por exemplo. Se a solução for realmente obter um empréstimo, o crédito deve ser destinado à quitação da maior parte das dívidas, a fim de impedir a expansão do endividamento.
Fonte: Mercado e Consumo