CNI prevê queda de 4,2% no PIB e diz que crescimento pré-pandemia não está garantido

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que o PIB brasileiro deve encolher 4,2% em 2020, segundo sua pesquisa Informe Conjuntural, divulgada nesta quarta-feira (21), segundo a qual a economia deve crescer 9% no terceiro trimestre, mas perderá força nos últimos três meses do ano.

Já o PIB industrial deve crescer 10% no terceiro trimestre e encolher 4,1% no ano, segundo a entidade.

 

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, avalia que a recuperação da crise está sendo rápida, mas não se pode confundir recuperação dos efeitos da crise com retomada do crescimento econômico.

 

Para Andrade, o crescimento econômico acima do patamar pré-pandemia não está garantido. A redução dos estímulos adotados para a economia atravessar o período mais agudo da crise desencadeada pela pandemia do novo coronavírus terá um efeito contracionista relevante e, se ocorrer de forma apressada, tende a prejudicar a recuperação, com impacto no consumo e no emprego.

 

Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, alerta para o risco de redução apressada dos estímulos

"A questão que se põe, neste momento, é como acelerar essa retomada, adotando medidas para estimular um crescimento mais vigoroso e sustentado ao longo do tempo, com investimentos e criação de empregos", alertou.

 

Em termos de saldo de emprego formal, a expectativa é que o segundo semestre mostre retomada do emprego até novembro. Dezembro normalmente registra saldo líquido negativo de empregos, o que vai fazer com que, apesar da recuperação do segundo semestre, o resultado anual de empregos com carteira não se afaste muito do resultado acumulado até agosto, de cerca de 850 mil postos de trabalhos fechados, diz a CNI. Mas o retorno de parte mais expressiva da população à força de trabalho, procurando emprego, deve fazer com que a taxa de desemprego suba.

 

Apesar disso, a CNI estima que mais pessoas consigam se reinserir no mercado de trabalho e estima que a taxa média de desocupação fique em 13,5% em 2020, 1,6 ponto percentual acima do registrado em 2019, quando alcançou 11,9% da força de trabalho.

 

O Informe Conjuntural avalia ainda que o spread bancário e as taxas de juros do setor financeiro bancário acompanharam o movimento de queda da Selic. O spread bancário para pessoa jurídica caiu de 9,6 pontos percentuais, em janeiro, para 6,9 pontos percentuais, em julho. E a taxa de juros para a pessoa jurídica saiu de 14,8% ao ano para 10,7% ao ano, na mesma base de comparação.

 

Entre os motivos para isso, estão os programas emergenciais, estruturados por meio do compartilhamento do risco de crédito. O Copom sinalizou que há espaço residual para um novo corte da Selic ainda este ano, que dependerá da trajetória das contas públicas e da avaliação sobre o comportamento futuro da taxa de inflação. Na avaliação da CNI, a interrupção do afrouxamento monetário será mantida nas próximas duas reuniões, de outubro e dezembro, e a taxa básica de juros encerrará 2020 em 2% ao ano.

 

A CNI avaliou também que os próximos meses não devem trazer risco de descontrole inflacionário que possa ameaçar o alcance da meta de inflação no ano. Entretanto, há sinais de alerta na dinâmica dos preços no varejo em função da aceleração já registrada nos preços ao produtor.

 

A entidade destaca que o real é a moeda que mais se depreciou entre emergentes e uma das que mais se depreciou em todo o mundo durante o período mais agudo da crise. Entre janeiro e maio de 2020, o real teve a maior queda, de 23,9% frente a uma cesta ampla de moedas, segundo dados de taxa de câmbio real efetiva do Bank for International Settlements (BIS).

 

Ao lado do real, se destacaram com as maiores depreciações as moedas de outros emergentes, como o México, com queda de 18,0%, a África do Sul, com redução de 17,7%, e a Rússia, que perdeu 10,2% nesta área. Já a deterioração das contas externas foi interrompida pelos efeitos da pandemia e o déficit deve continuar a se reduzir até o fim do ano.

 

A CNI ainda apontou que, diante do quadro de recessão mundial projetado para 2020, com recuos de 4,9% da economia mundial e de 11,9% do comércio mundial de bens, segundo o FMI, o horizonte para as exportações brasileiras é de dificuldades até o fim do ano, em especial para a indústria.

 

O melhor desempenho das exportações de produtos básicos não será forte o suficiente para evitar a queda das exportações frente a 2019, diz a CNI. As importações, por sua vez, devem se manter em queda na comparação com o ano passado, considerando a queda esperada para a atividade doméstica no ano.

 

O saldo da balança comercial de bens esperado para 2020, segundo estimativa da CNI, é de US$ 56,4 bilhões, com recuo das exportações de 6,5%, para US$ 210,7 bilhões e das importações de 13%, para US$ 154,3 bilhões.

 

Governos regionais


Já as receitas dos governos regionais tiveram crescimento real de 2,3% no acumulado até agosto, em relação ao mesmo período de 2019. Esse aumento só foi possível graças à transferência de R$ 55,2 bilhões do governo federal, como auxílio aos estados e municípios no período. Sem esses recursos, as receitas regionais teriam registrado queda de 7%.

 

Nos últimos meses, a arrecadação de ICMS, principal fonte de recursos dos governos regionais, tem crescido. No mês de agosto, a arrecadação desse imposto apresentou crescimento real de 3,1%, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Em relação às despesas desses entes, a CNI estima que essa variável tenha apresentado crescimento real de 1,2% no acumulado do ano até agosto, em relação ao mesmo período de 2019. O crescimento das receitas mais do que compensou o aumento das despesas no período, levando os governos regionais a um superávit primário de R$ 27,1 bilhões no acumulado do ano até agosto.


Fonte: G1

 


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