Crédito para a laranja provoca racha entre produtor e indústria

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Motivo foi programa do governo que fixou preço da caixa em R$ 10; produtor esperava R$ 11,80

 

Ideia é que o crédito reduza volatilidade dos preços; indústria não comenta reclamação dos citricultores

 

A calmaria no setor citrícola brasileiro durou pouco. A disputa agora é sobre o preço mínimo de R$ 10 da caixa de laranja (40,8 kg) fixado pelo governo federal como exigência para as indústrias de suco obterem crédito para estocagem do produto.

 

Segundo o presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores), Flávio Viegas, o acordo para o lançamento da linha de financiamento especial era fixar o valor de referência de R$ 11,80 para a caixa da fruta, não os R$ 10 informados.

 

O Ministério da Agricultura lançou na sexta-feira a linha de crédito de R$ 300 milhões para a estocagem de suco de laranja pela indústria com objetivo de conter a queda nos preços da fruta diante da boa expectativa de produção da safra atual.

 

No entanto, o efeito acabou sendo oposto. "O governo cedeu à pressão da indústria e quebrou acordo com os produtores de laranja, que era fixar um preço-referência de, no mínimo, R$ 11,80 a caixa da laranja", diz Viegas.

 

Segundo o plano do ministério, cada empresa de suco poderá contratar até R$ 80 milhões para comprar a fruta que será processada na safra. Os estoques de sucos formados com o crédito deverão ser comercializados em um ano.

 

A Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura não se manifestou. Na Câmara, ontem, uma audiência pública debateu o plano agrícola e pecuário 2011/2012 lançado na sexta.

 

"GRANDE PASSO"

 

O presidente-executivo da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos), Christian Lohbauer, afirmou que a indústria vai recorrer ao crédito para evitar que o preço da fruta no Brasil e do suco no exterior tenha redução.
"Esse [financiamento] foi um grande passo para o setor, que caminha para um entendimento entre preços e custos de produção", disse, representando as quatro maiores do setor (Citrosuco, Citrovita, Louis Dreyfus e Cutrale). Mas não falou sobre a reclamação da Associtrus.

 

Ele afirmou ainda que o setor discute participação nos lucros das vendas com o sucesso do plano lançado pelo governo. "O excedente que conseguirmos com as vendas de suco no exterior será repartido entre os produtores."

 

A previsão da indústria é produzir 387 milhões de caixas na região do cinturão citrícola, formado por São Paulo e pelo Triângulo Mineiro. A expectativa da safra só para São Paulo é de 354,98 milhões de caixas.

 

O Brasil é o maior produtor de laranjas do mundo. Segundo a CitrusBR, 98% são exportados em forma de suco para a Europa e para os EUA. Lá, o suco é processado e envasado por gigantes como Pepsico e Coca-Cola.

 

O Plano Agrícola e Pecuário 2011/2012 vai colocar à disposição dos produtores R$ 107,2 bilhões, a partir de 1º de julho, quando começa a novo ciclo agrícola. O valor é o maior da história e representa aumento de 7,2% em relação aos recursos destinados à safra 2010/2011.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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