Indústria depende do setor têxtil.
A M&G Poliéster S/A, controlada pela Mossi & Ghisolfi International, aguarda dias melhores para o setor têxtil brasileiro a partir da redução da taxa de juros estimulada pelo governo federal, em abril, e com a elevação do dólar, que na última semana chegou a R$ 2,00.
"Não são medidas estruturantes, mas, sim, uma combinação de fatores que podem contribuir para a melhoria do setor têxtil", acredita o gerente técnico e comercial do setor de fibra poliéster da M&G, Ivan Coelho. No entanto, ele chama atenção para o fato de que a queda dos juros ainda não chegou ao "mundo real", e que o ideal seria um câmbio da ordem de R$ 2,60.
A empresa, que desenvolve resinas para embalagens PET e fibras poliéster para a indústria têxtil, sentiu de perto os efeitos devastadores da concorrência dos produtos têxteis chineses que invadiram o mercado brasileiro. Em 2011, explica, Coelho, o faturamento da M&G no segmento fibras foi de cerca de R$ 200 milhões, uma queda da ordem de 15% em relação ao ano anterior.
O maior problema continua sendo a concorrência dos produtos têxteis da China que, segundo ele, tem aumentado a sua presença no mercado brasileiro a uma taxa entre 30% e 40% ao ano. O resultado pode ser medido pela balança comercial do segmento nos últimos anos. Em 2002, argumenta Coelho, o resultado era favorável para o Brasil em U$ 3 bilhões, passando para U$ 1 bilhão em 2005 e chegando a U$ 4,5 bilhões negativos em 2011.
"A desvalorização do real frente ao dólar vai favorecer a cadeia", acredita. A expectativa é que os grandes clientes da M&B, entre eles a Coteminas e os grupos Alpina e Ober, encontrem um mercado consumidor mais receptivo no Brasil, sobretudo por parte das redes de departamento.
Apesar de um certo otimismo com a mudança cambial para a cadeia têxtil, na outra ponta a M&G sente os efeitos na hora das importações. São duas as principais matérias-primas para a produção da fibra, sendo que uma delas, o Ácido Puro Terestalico (PTA) importado, é responsável por 60% do custo de produção. A dependência dessa matéria-prima, cotada em dólar, significou um aumento de custo da ordem 15% nos últimos dois meses, informou Coelho. E embora pretenda absorver parte desse aumento, reconhece que haverá algum repasse para os seus clientes, já descapitalizados.
Inadimplência - Segundo Coelho, a inadimplência tem sido outro grande fator de queda nos resultados do setor têxtil. A M&G aguardava melhores resultados ao longo de 2012, para recuperar as perdas do ano passado, decorrentes, inclusive, do preço do algodão que triplicou no mercado internacional em um breve período de seis meses, em 2011.
E este ano, indica, o grande problema parece ser a falta de liquidez, fruto de uma espécie de corrente de inadimplência, que alcança desde o consumidor final, o comércio varejista, os atacadistas e as indústrias têxteis. "Com uma taxa muito elevada de inadimplência, nossos clientes diminuíram a produção", lamenta. E a redução da taxa de juros, segundo ele, "ainda não chegou no mundo real". Coelho argumenta que as empresas estão em dificuldade de conseguir crédito, e os bancos estão ficando cada vez mais seletivos.
Veículo: Diário do Comércio - MG