De pranchas para alisamento capilar a fogões, passando por notebooks e aspiradores de pó, os eletroeletrônicos, eletrodomésticos e artigos de tecnologia estão cada vez mais interligados por um ponto em comum: o design. Seja para dar mais funcionalidade ou beleza aos produtos, esse é um investimento que está consolidado como prioridade das empresas, diante de um consumidor que não está em busca apenas do que precisa, mas do que quer. Pelos corredores da 7ª Eletrolar Show, que acontece até sexta-feira em São Paulo, essa é uma tendência evidente. Os estandes estão cada vez mais arrojados, e a culpa não é da arquitetura, mas dos produtos que em breve estarão colorindo o varejo e a casa dos brasileiros.
A explicação para o movimento é clara. Os consumidores, principalmente da classe média, já tomaram consciência do que o seu dinheiro pode comprar. Além de suprirem as necessidades básicas, as aquisições da população com renda ascendente querem também alimentar o ego e dar sinais da mudança de status que o incremento financeiro gera nas famílias. “Estamos trabalhando com foco muito claro de que o consumidor brasileiro valoriza o design e que ele é um ponto chave para a decisão de compra de todos os públicos”, justifica o diretor-comercial do grupo Mabe, Eduardo Cortez, sobre as novas características dos artigos produzidos.
Depois de uma reformulação em 2011, que eliminou as marcas Bosch e Mabe, o grupo detém hoje a GE, a Dako e a Continental, esta última responsável por boa parte da absorção de público das marcas extinguidas. É da Continental - que cresceu 60% em faturamento com a nova disposição do grupo - um dos principais lançamentos que o grupo leva à Eletrolar nesta edição, uma linha de fogões com todas as características do alto padrão, porém, a preços populares. As versões da família Innovazione incluem até modelos em inox, que há tempos caíram no gosto da classe C, mas nem sempre cabem no bolso.
A CCE, que tradicionalmente dialoga com a classe média, aproveita a facilidade operacional da unidade fabril da Zona Franca de Manaus para desenvolver alternativas em design. A gerente de desenvolvimento de produto da companhia, Veridiana Couto, destaca que independentemente do volume do extrato bancário, os consumidores anseiam por diferenciais, como forma de valorizar sua melhoria de vida. “Precisamos de flexibilidade para dar à nossa produção a mesma rapidez que o consumidor busca para diversificar suas compras”, assinala. Um exemplo citado por Veridiana são as televisões de LCD brancas lançadas pela CCE, ou os ultrabooks (notebooks ultrafinos) da marca que continuam trazendo leitor de CD e DVD, diferentemente de boa parte do mercado. São alternativas simples, segundo a gerente, mas que acertam em cheio a preferência de um cliente que busca fugir do tradicional.
Na Mallory, o pretinho básico está ficando para trás. Já está em estudo de viabilidade a produção de uma linha de secadores de cabelo que é quase um arco-íris, ou mais, já que se for aceita pelo mercado, mais de dez cores do produto serão disponibilizadas. O diretor de produto, Luis Sancho, lembra que a ascensão social precisa ter seus símbolos, muitas vezes sinalizados pelo upgrade nos itens comprados pelas famílias. Focando nessa máxima, a Mallory está apostando na tendência do branco, do inox e de peças conceito. “É difícil se diferenciar em funcionalidade, então investimos na aparência”, diz. “Na linha de cozinha, produzimos itens que não servem para ficar guardados e acabam sendo a decoração do ambiente”, completa.
Veículo: Jornal do Comércio - RS