O rumo das farmácias brasileiras

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Com classe C e mais idosos, elas crescem. Clientes pedem agora conveniência: itens de beleza, higiene e até serviços bancários tem de estar disponíveis a eles

O setor farmacêutico é atualmente um dos mais pujantes do mundo. No Brasil, a situação não é diferente. Há uma evolução vigorosa desde 2008 e possibilidade real de o setor dobrar de tamanho até 2017.

Uma estimativa da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) aponta que o Brasil caminha para ser, ainda em 2015, o quinto maior mercado mundial -hoje, é o sétimo. Para isso, é necessário planejar o futuro.

O mercado brasileiro de medicamentos movimentou, em vendas, R$ 24 bilhões em 2008, passando para R$ 43,9 milhões no ano passado, uma evolução de 82,91%.

As grandes redes associadas à Abrafarma também cresceram acima da média nos últimos cinco anos. Em 2011, a evolução foi de 21%. Em 2012, as vendas avançam com o mesmo vigor e estão 20,85% acima do ano passado.

Esse forte crescimento tem sido influenciado por vários fatores:

- Expansão econômica brasileira, com estabilidade nos principais índices, como inflação e PIB;

- Aumento do emprego formal;

- Melhoria na distribuição de renda e ascensão social;

- Envelhecimento da população;

- Queda de patentes;

- Migração de volumes do institucional para o varejo pelo programa Aqui tem Farmácia Popular.

Há ainda a inovação, criando novos formatos de lojas que atendem às características de cada região.

Para o setor, os próximos anos são extremamente promissores. A expansão da classe C criou um segmento responsável por 42% do movimento de vendas no setor.

A perspectiva de aumento no volume de negócios nos anima. Em 2017, devem ser comercializadas 135 bilhões de unidades de doses, impulsionando o faturamento do mercado brasileiro para R$ 87 bilhões.

Para garantir o crescimento, o grande desafio é explorar melhor os pontos de vendas, principalmente as categorias de higiene e beleza.

Os executivos devem prestar atenção nas necessidades dos clientes, considerando que a maioria opta por farmácias e drogarias que, além da assistência farmacêutica, funcionam 24 horas, entregam em domicílio e oferecem serviços ambulatoriais.

Além disso, 75% dos consumidores percebem a farmácia como um local de conveniência e oferta de serviços de utilidade pública, até mesmo de correspondência bancária -realidade muito comum em pequenas cidades do interior.

Também precisamos cuidar do entorno do negócio. Uma das iniciativas é aprofundar a discussão para a desoneração dos impostos sobre medicamentos. É inconcebível que incida sobre bens essenciais uma carga tributária de 36%, enquanto diamantes, linguiças e cavalos puro-sangue contribuem com módicas alíquotas de até 7% ou simplesmente são isentos de impostos.

O mercado farmacêutico se expande a passos largos e agora passa a conviver com fusões e aquisições, consequência da atividade econômica nacional e, mais do que isso, fruto de uma estratégia certeira do segmento. Com demanda maior, grandes redes buscam formas de se capitalizar e ampliar sua visibilidade.

As recentes fusões deixam claro que o setor está em amadurecimento e enxerga a sua grande importância para a economia brasileira.

A evolução deverá estar sustentada em três pilares: viabilidade econômica, capacidade de operação e marcos legais claros. Mas, acima de tudo, precisamos avançar na eficiência da cadeia, unindo os representantes do setor de todo o Brasil.

SERGIO MENA BARRETO, 44, é presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma)


Veículo: Folha de S.Paulo





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