Os produtores terão que esperar, ao menos, seis meses para confirmar as apostas no aumento de produtividade e qualidade do algodão com o uso da nova variedade transgênica, aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Depois de um ano em análise, a tecnologia comercialmente denominada de bollgard II roundup ready flex promete tanto resistência às pragas, como a lagarta rosada, quanto a tolerância ao glifosato, o que permite aplicação em várias fases do cultivo do algodão.
Essa é a 12ª variedade transgênica aprovada pelo órgão técnico para a produção algodoeira no país. O presidente do Instituto Matogrossense do Algodão (IMA), Álvaro Salles, acredita que a nova tecnologia será uma solução mais barata e menos restrita do que as usadas anteriormente. Segundo Salles, atualmente, poucos produtores de algodão aplicam produtos como a soja roundup ready (RR) que tem o uso restrito à fase inicial do cultivo. Já em relação ao algodão liberty link, ele afirma que "resolveu muitos problemas na produção, mas é um produto caro".
O custo da tecnologia bollgard II roundup ready flex é um terço do investimento feito com a liberty link (US$ 15). Salles acredita que essa economia, associada aos efeitos da variedade, explica o uso em mais de 80% da produção norte-americana e australiana de algodão.
"No Brasil a gente acredita que vai crescer rapidamente", disse Salles, ao lembrar que o processo pode demorar ainda mais do que um semestre, considerando que os produtores ainda terão que multiplicar as sementes. "Hoje o produtor usa outros herbicidas de custo elevado e de relativa agressão ao meio ambiente. A nova tecnologia vai facilitar esse manejo. Agora, o quanto vai facilitar, depende de quanto será cobrado pelos direitos tecnológicos".
A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) estima que a produção do algodão nesta safra vai alcançar 1,8 milhão de toneladas, prejudicada pela estiagem na Bahia e pela chuva em Mato Grosso, os dois maiores produtores do país. Segundo o presidente da Abrapa, Sérgio De Marco, o cenário atual aponta para uma perda de 30% da área plantada. "A nova tecnologia será ótima para o produtor e para a indústria. A qualidade vai melhorar muito porque é mais fácil para o produtor trabalhar com uma lavoura limpa. Quanto à produtividade, fica um ponto de interrogação, mas tudo indica que também pode aumentar", destacou.
O presidente da CTNBio, Flávio Finardi, explica que a liberação comercial do bollgard II roundup ready flex ainda depende de aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança, composto por 11 ministros do governo.
Veículo: Diário do Comércio - MG