Venda de computadores no mundo registra a maior queda desde 1994

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Tecnologia. Segundo a empresa de pesquisas IDC, as vendas de PCs recuaram 13,9% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2012; motivos para a queda seriam o aumento do interesse por tablets e smartphones e o 'fracasso' do Windows 8

A indústria de computadores pessoais vive um momento crítico. No primeiro trimestre, as vendas mundiais de laptops e desktops recuaram 13,9%, para 76,3 milhões de unidades, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo estimativa preliminar da consultoria IDC. Trata-se da maior queda desde 1994, quando a empresa começou a publicar os dados desse segmento.

Ainda não há números sobre o desempenho do Brasil nos primeiros três meses do ano, mas os últimos dados divulgados pela consultoria no País também apontam para uma queda. Em 2012, os brasileiros compraram 15,5 milhões de computadores, 2% menos que em 2011. Para este ano, a expectativa é de que o recuo seja de 7,2%.

O mês de janeiro já começou com números negativos - o setor vendeu 22% menos se comparado a dezembro e 4% menos ante janeiro de 2012. Este é um momento novo para o mercado brasileiro, pois é a primeira vez que a indústria registra queda em tempos de economia estável. Até 2012, o único recuo visto foi o de 2008, quando os efeitos da crise internacional levaram a um declínio de 3%.

As razões para isso estão, além da priorização de outros bens - como carros ou geladeiras -, no crescimento da adoção de smartphones e tablets. Esses dispositivos devem alcançar, respectivamente, a marca de 28,8 milhões e 5,8 milhões de unidades vendidas no Brasil.

Microsoft. Em escala global, o que está em discussão é o apelo (ou a falta dele) do Windows 8, o novo sistema operacional da Microsoft. A IDC diz que, apesar de pequenas melhorias no ambiente econômico e de PCs com o software remodelado da companhia americana, as vendas estão em queda em todas as regiões do mundo. "A essa altura, parece claro que o Windows 8 não só falhou ao dar uma injeção de ânimo no mercado de PCs, como parece ter desacelerado o setor", diz a consultoria. Na visão da IDC, a Microsoft confundiu os consumidores com os novos recursos da plataforma, cuja interface de usuário é composta pelo chamados "blocos dinâmicos" - uma tentativa de se igualar à lógica dos sistemas usados em dispositivos móveis.

Por essa razão, analistas acreditam que a plataforma tem comprometido a experiência dos usuários com o computador pessoal. "A reação ao Windows 8 é real", afirmou o analista da IDC Jay Chou sobre o sentimento negativo em torno do software. Segundo ele, não foi apenas o Windows 8 que não atraiu os consumidores, mas as empresas estão mantendo distância também.

"A Ricoh Americas Corp., que substitui cerca de um terço de seus 17 mil computadores pessoais a cada três anos e atualiza o sistema operacional para o mais atual disponível, disse que este ano ficará com o Windows 7, lançado em 2009. Tracey Rothenberger, diretor operacional da empresa, afirmou que os benefícios da mudança para o novo software não valem o esforço de treinamento de funcionários para usá-lo. "Eu não acho que haja algo de errado (com o Windows 8)", disse Rothenberger. "Mas acho que há um valor mínimo nas mudanças incrementais que estão nele."

Os executivos da Microsoft disseram que o Windows 8 levará muitos meses para se popularizar entre os consumidores e, especialmente, com as empresas que geram a maioria dos lucros da gigante americana.

A Gartner, empresa de pesquisas concorrente, previu que as vendas globais recuaram 11,2% no trimestre - o que seria a maior queda desde o primeiro trimestre de 2001. Para a Gartner, essa queda está ligada à alta da demanda por tablets e smartphones. Mikako Kitagawa, analista da empresa, não atribuiu a culpa pelos problemas do setor à Microsoft, argumentando que tendências seculares, como o interesse dos clientes em dispositivos móveis com touchscreen, ao invés dos PCs, estão desempenhando um papel maior na queda das vendas.

No primeiro trimestre, a HP registrou a queda mais forte das vendas mundiais, de 24%. A Dell teve declínio de 11% e a Apple, de 7,5%. Na Lenovo, as vendas foram estáveis. Mas ninguém parece estar imune.




Veículo: O Estado de S.Paulo


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