Minas tem novo polo de lingerie

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Produção de moda íntima muda perfil de Vargem Grande, no Vale do Rio Doce

No Vale do Rio Doce, numa pequena localidade onde vivem cerca de 2,5 mil pessoas, a fabricação de calcinhas e sutiãs está mudando o perfil da região e abrindo grandes oportunidades para uma população que há 20 anos sobrevivia da agricultura e da fabricação de tijolos nas inúmeras olarias que funcionavam por ali. Vargem Grande, distrito de São João do Manteninha, município que fica a 500 quilômetros de Belo Horizonte e a 110 de Governador Valadares, vive o boom da moda íntima, um segmento que emprega mais da metade da população e que produz 1 milhão de peças de lingerie por mês. São 35 fábricas que, juntas, faturam cerca de R$ 2 milhões por mês.

Como acontece com quase todos os locais que atravessam um período de grande prosperidade, Vargem Grande enfrenta problemas como falta de mão de obra, de infraestrutura para receber os compradores, além de não ter ainda antena de telefonia celular e de submeter seus visitantes a um trecho de viagem de sete quilômetros de estrada de terra, ora com muita poeira, ora com muito barro.

Ainda assim, as fábricas estão em plena expansão e os empresários, quase todos parentes, empenhados em encontrar soluções para manterem o ritmo de crescimento que começou há cerca de 20 anos, quando a dona de casa Ilza Maria de Mendonça, de 58 anos, que sempre havia costurado para a família, conseguiu um molde e começou a produzir, na sala de sua casa, os primeiros sutiãs para revenda. Foi ali que começou a Meury Kiss, a mais antiga indústria de lingerie de Vargem Grande, que hoje emprega 59 pessoas e produz 60 mil peças por mês. "Minha mulher mudou a história de Vargem Grande", orgulha-se o empresário Gentil Pereira de Mendonça, que percebeu o grande potencial do negócio e apostou suas fichas nas lingeries, depois de anos à frente de um pequeno supermercado.

A ideia se alastrou como pólvora. A filha e o genro de Gentil e Ilza - Elizangela Mendonça e Emerson da Silva Xavier - seguiram no mesmo caminho e fundaram aquela que é hoje a maior fábrica do distrito, a Love Life. A indústria também começou na sala da casa de Ilza, mas hoje tem 108 funcionários e coloca no mercado 240 mil peças por mês. Antes de virar industrial, Anderson era cabo da polícia. Agora ele preside a Associação dos Empreendedores da Indústria e do Comércio de São João do Manteninha (Assecom). E foi assim que a lingerie acabou dando uma guinada na economia da pequena localidade e na vida da maior parte de seus moradores.

Lacinhos - Depois de 21 anos morando em São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira, natural de Vargem Grande, voltou de férias ao município e acabou ficando, a convite de amigos e parentes. Sua empresa, a Entre Laços, fundada em 2009, é especializada em produzir lacinhos para serem usados nas peças.

"As fábricas daqui tinham que comprar os acessórios em Nova Friburgo, no Rio, mas a demora na entrega era um gargalo. Eles eram forçados a se unir para comprar e fazer estoque para seis meses de trabalho", lembra. Já não precisam mais. A Entre Laços, que começou com três máquinas, já funciona com 13 e no ano que vem se muda para a sede nova, que está em construção.

Oliveira gera emprego para 16 pessoas, além de contar com a ajuda da mulher e do filho para dirigir o negócio. Com a experiência adquirida, ele decidiu substituir a manta de espuma usada para fazer os lacinhos por entretela, com isto o custo unitário das peças caiu de R$ 1,58 para R$ 0,57. Ele fabrica 50 mil laços por dia e pode fazer muito mais, garante.

As calcinhas e sutiãs atraíram outros investimentos, coisas inimagináveis para um distrito que há 20 anos vivia de cerâmica e atividades rurais. Vendo a prosperidade na porta de casa, Quêmel de Oliveira Ferreira criou o Portal de Vargem Grande. "O que eu queria era mostrar o crescimento de Vargem Grande. Acabei conseguindo muitos anunciantes e hoje vivo disto, como toda a cidade vive em função da lingerie", explica.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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