Quando o Walmart.com nos Estados Unidos decidiu entrar mais pesado na disputa por mercado com a Amazon, aprendeu algumas lições duras sobre eficiência no mundo on-line. Percebeu, por exemplo, que a melhor forma de ocupar terreno é ter uma pulverizada estrutura de distribuição. Ao longo do tempo, a empresa foi deixando de lado improvisos em armazéns e começou a espalhar centros logísticos pelos EUA para ser mais ágil. "Estamos começando a ganhar força [na venda on-line]
"Eu digo começando porque sabemos que é uma área em que temos ainda um longo caminho a percorrer", admitiu Mike Duke, presidente mundial do Walmart, na assembleia de acionistas em junho.
Há também um caminho a ser trilhado por aqui e é por isso que o Walmart.com montou um plano para ampliar a sua estrutura de distribuição no país. A ideia é ganhar participação de mercado com um sistema de entregas mais eficiente - evitando riscos de gargalos logísticos, principal razão que levou grandes sites a tropeçarem no Brasil. Está fazendo isso antes que a Amazon (que vende ao ano nove vezes mais que os US$ 8 bilhões do Walmart.com) coloque na rua o seu projeto para o país.
O objetivo é aumentar o tamanho da operação para ampliar escala, investindo mais pesado em tecnologia e logística, com o intuito de que o negócio possa, a médio e longo prazo, entrar no azul. E nesse conjunto de ações, está a criação de um modelo de entrega de mercadorias com semelhanças ao implantado nos EUA, e que poderá atingir até uma dezena de centros de distribuição no país, quando alcançar a estrutura ideal.
Neste momento, está em construção em Cajamar (SP) o quarto centro de distribuição da empresa no Brasil, que deve ter cerca de 54 mil m2, equivalente à metade da área total de armazenagem da empresa nos seus três CDs atuais, em Jandira (SP) e Pirambóia (SP) e em Vespasiano (MG). Deve estar em operação em setembro, num investimento de cerca de R$ 25 milhões, apurou o Valor. Em 2012, a empresa abriu o CD em Pirambóia, e há outro centro previsto para entrar em operação em 2014.
O plano é integrá-los a uma malha de logística a ser criada no país, com armazéns ou "transitory points" interligados aos CDs, que estarão mais perto dos consumidores, e portanto, poderão atendê-los mais rapidamente. Nesse formato a ser implantado, o que tem tomando boa parte do tempo da equipe de tecnologia do Walmart.com (cerca de 200 pessoas, ou 1/3 do total de empregados) é o modelo de operação de Cajamar.
O espaço deve operar dentro de um outro conceito, que teve algumas ideias criadas pela equipe global do Walmart.com nos EUA. Em Cajamar, o CD está sendo construído num sistema flexível, de acordo com a demanda ou a sazonalidade. Por exemplo, se aumenta a venda de ventiladores no verão, ou se há uma forte promoção de TVs, os produtos passam a ocupar a área central de escoamentos. "A necessidade de entrega vai determinar o desenho dos espaços", diz Fernando Madeira, presidente do Walmart.com para América Latina. Outros CDs da empresa podem ter esse desenho também.
Além disso, a empresa começou a repensar a estratégia de entrega. "Hoje, as lojas entregam para um número de CEP, e não para a pessoa. Queremos entregar para o consumidor, não importa o CEP. Se ele está no trabalho e é mais fácil receber lá no horário comercial, é isso que vamos fazer, oferecendo diferentes formas de entrega", diz.
A empresa não informa receita com vendas e se opera de forma rentável. Segundo o Valor apurou, o site registra prejuízo anual, reflexo do alto níveis de desembolsos para investimentos, com despesas iniciais mais altas. Madeira diz que a companhia tem crescido duas vezes a taxa do mercado - o setor deve crescer de 20% a 25% em 2013.
Veículo: Valor Econômico