O Grupo André Maggi, da família do senador Blairo Maggi (PR-MT), adquiriu 100% das ações da norueguesa Denofa, que já estava sob seu controle desde 2009. O valor do negócio não foi revelado. Com foco no mercado de soja não transgênica, a Denofa faturou US$ 260 milhões em 2011.
Em 2009, o grupo brasileiro, fundado em Rondonópolis (MT), já havia comprado uma participação na Denofa que pertencia à Agrenco - havia entrado em recuperação judicial em 2008 -, por cerca de R$ 18 milhões, e se tornado acionista majoritário da companhia norueguesa.
Como adiantou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, a compra dos 49% que faltavam já estava "prevista" no planejamento da empresa. "Quando compramos os 51%, já queríamos ter os 100%. Agora exercemos o direito de compra", disse Blairo Maggi. A Denofa é referência no processamento de soja não transgênica em toda a Europa, mas tem atuação mais expressiva nos países escandinavos. No total, processa aproximadamente 420 mil toneladas de soja por ano.
De acordo com Blairo Maggi, o grupo brasileiro tem condições de oferecer soja convencional para suprir toda a capacidade de esmagamento anual da Denofa. Entretanto, caso aconteça algum problema que atrase a entrega, a controlada tem condições de ser abastecida pela Índia ou pelo Canadá.
A internacionalização do Grupo André Maggi começou na segunda metade da década passada, com a abertura de um escritório em Roterdã, na Holanda, principal porta de entrada dos produtos agrícolas brasileiros na Europa. Apesar de ter sido inaugurado "oficialmente" em outubro de 2008, o escritório começou suas atividades em 2007, quando especialistas em comércio exterior foram contratados.
Muito visado, o mercado de não transgênicos na Europa costuma pagar um prêmio para os produtores que vendem grãos convencionais. Segundo Maggi, esse mercado é decrescente, ainda mais com as discussões em torno da autorização para plantio e importação de transgênicos em alguns países europeus.
"Ainda existem prêmios para grãos convencionais, mas estamos acompanhando a questão da liberação de transgênicos na Europa, para reduzir o custo de produção. O grande problema hoje é segregar o produto convencional do transgênico e esse tipo de produto [não transgênico] ficou muito caro".
Segundo Maggi, a "identidade" da empresa, de negociar apenas produtos não transgênicos, deve ser preservada. "Claro que vamos preservar as características da empresa, mas temos que estar atentos ao mercado. Se os transgênicos forem liberados e houver demanda, podemos trabalhar com eles também. Temos uma estratégia montada para isso (...) Esse mercado na Europa é muito exigente, e o grupo tem todos os certificados demandados pelo mercado norueguês".
A Denofa chegou a atuar no esmagamento de soja em solo brasileiro, em 2001. Porém, decidiu não renovar o contrato de arrendamento da unidade que usava para isso, que vigorou por um ano, por considerar as margens da atividade pouco atrativas. Com isso, a atuação no Brasil ficou restrita à exportação de soja em grão para ser esmagada na unidade de Fredrikstad, na Noruega, que o Grupo André Maggi passou a controlar em 2009.
Em 2012, o Grupo André Maggi comercializou 8,1 milhões de toneladas de grãos no Brasil e no exterior, 30% mais que no ano anterior. Cerca de 1,9 milhão de toneladas foram esmagadas nas unidades de Cuiabá (MT), Lucas do Rio Verde (MT) e Itacoatiara (AM). A receita líquida do conglomerado alcançou US$ 3,2 bilhões no ano passado, 23% mais que em 2011.
Na safra 2011/12, o grupo plantou 218 mil hectares de soja, milho e algodão, 5,4% mais que na safra anterior. Ao todo, foram colhidas mais de 900 mil toneladas dos três produtos, alta de 24,3% em relação ao ciclo passado. O destaque foi a soja, com 441 mil toneladas. Na comparação com 2011, a área colhida de milho cresceu 7,3%, enquanto a de soja aumentou 3,7%. Quanto à produção, a do cereal foi 27% maior, mas a da oleaginosa caiu 12,3%.
Veículo: Valor Econômico