Selo do Inpi reconhece características distintas do produto, que são resultados da influência do meio geográfico
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) concedeu ao Café do Cerrado o registro de Denominação de Origem (DO). O selo reconhece as qualidades e características distintas do produto, que são resultados da influência do meio geográfico, incluindo fatores naturais e humanos. A região cafeeira, que já possui o selo de Identificação Geográfica (IG), é a primeira do setor a conquistar a denominação, que também deverá contribuir para agregar valor ao produto.
A concessão do registro pelo Inpi tem como principal característica evidenciar o alto padrão alcançado pela cafeicultura nacional. A região do Cerrado Mineiro abrange uma área de 147 mil hectares com aproximadamente 3,5 mil produtores. Ao todo são 55 municípios localizados nas regiões do Alto Paranaíba, Triângulo e Noroeste mineiro. Todos os municípios apresentam padrão climático uniforme, o que possibilita a produção de cafés de alta qualidade.
Conforme o Inpi, para que a produção de café seja classificada com a Denominação de Origem do Cerrado, são recomendadas que as áreas de produção estejam em altitude variando entre 800 e 1,3 mil metros, podendo ser irrigadas. Ainda segundo o regulamento, para o uso do DO é obrigatório que os cafezais sejam cultivados somente com café tipo arábica.
Características como a perfeita definição das estações climáticas, com verão quente e úmido, e inverno ameno e seco, foram fundamentais para a classificação da região do Cerrado Mineiro. Essa condição climática ocorre pelo fato da região estar em área continental, o que possibilita padrão de chuvas diferentes do que ocorre nas demais áreas de café no Brasil, que sofrem influência direta das massas oceânicas.
Qualidade - A produção na região é reconhecida pela qualidade. De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na última safra, a produção de café na região do Cerrado sofreu forte retração no volume. A safra 2012/13 na região foi estimada em 5,213 milhões de sacas de 60 quilos, o que representa uma redução de 16,3%, quando comparado à safra anterior.
A produtividade média apresentou decréscimo de 16,8%, caindo de 36,9 sacas por hectare em 2012, para 30,7 sacas por hectare em 2013. A área de café em produção teve uma variação positiva de 0,57% em relação à safra passada. A redução na safra 2012/13 se deve, principalmente, à bianualidade da cultura.
Os técnicos da Conab ressaltam que a produção obtida na safra 2013, que teve baixa bianualidade, foi recorde em relação a outros períodos de igual bienalidade. O resultado se deve ao maior investimento nas lavouras, decorrente do período em que os preços do café no mercado estiveram elevados, fazendo com que a produtividade média se elevasse substancialmente, mesmo em ano de baixa bianualidade.
De acordo com o Inpi, o processo de reconhecimento da região do Cerrado como DO começou em 1990, quando cerca de 36 produtores associaram-se e, em 1992, foi criado o Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado (Caccer), o que mais tarde viria a se transformar na Federação dos Cafeicultores do Cerrado, com o intuito de fortalecer os cafeicultores da Região do Cerrado Mineiro.
Em 1997, uma equipe de especialistas foi contratada para determinar as características e o processo de produção do café da região do Cerrado Mineiro. Foram detalhadas as variedades do produto, as formas de produção, o manejo e a tecnologia agronômica a ser utilizada. Em 2005, a região foi reconhecida como Indicação de Procedência (IP), sendo então o segundo registro de Indicação Geográfica brasileira concedido pelo Inpi.
Veículo: Diário do Comércio - MG