Operadores e carregadores criticam falhas na estrutura da central
O governo estadual promete finalizar projetos e contratar, ainda neste ano, obras avaliadas em mais R$ 5 milhões na infraestrutura das instalações da Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa-RS), na zona Norte de Porto Alegre. Foram contratados estudos avaliados em R$ 620 mil para dar conta da recuperação asfáltica, rede hidráulica e pluvial, reengenharia do tráfego, desassoreamento do canal central e instalações de geradores de energia. Ontem, o governador Tarso Genro fez a entrega de um conjunto de intervenções, como restauração da cobertura de galpões e do pavilhão de comercialização de hortigranjeiros, que somaram R$ 8 milhões. O governador aproveitou a entrega das obras para demarcar a diferença de gestão atual frente à anterior, da tucana Yeda Crusius, na central, que movimenta ao ano 600 mil toneladas de alimentos, avaliadas em R$ 1,3 bilhão.
O secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan, afirmou que a Ceasa-RS estava “jogada”. “Agradeço pela paciência. Não entendo como os operadores aguentaram 15 anos”. O presidente da central, Paulino Donatti, citou que uma das medidas positivas no restabelecimento financeiro da empresa foi a extinção do débito de R$ 8 milhões com IPTU da prefeitura da Capital. “Havia entendimento de que era prédio público, pois pertence ao município, dono de 6% do capital da Ceasa. Conseguimos a isenção até 2018, e depois vamos tentar renovar”, citou Paulino, alegando dificuldades para pagar o tributo, com receita anual de R$ 19 milhões.
As melhorias realizadas incluíram limpeza da área e retirada dos revestimentos soltos na superfície, substituição das ferragens e reparação das fendas e impermeabilização no pavilhão. Na área da segurança, foi instalado um novo gradil de pré-concreto armado vazado na divisa Oeste da centra, substituindo a antiga cerca de ferro, que apresentava corrosão. Os recursos já aplicados foram oriundos do Tesouro Estadual, Bndes e do Fundo de Investimento da Ceasa-RS. Apesar das ações, o pavilhão maior apresentava ontem goteiras, efeito das chuvas. Condôminos também fizeram queixas das condições dos banheiros.
Os trabalhadores autônomos, que fazem o transporte interno de produtos, esperam as melhorias na pavimentação. Segundo Horaceli Verdum de Castro, que há 40 anos opera com seu carrinho no vai e vem para transferir frutas e outros itens de produtores a comércios internos, a área de trânsito apresenta buracos e muitas poças de água, além da movimentação ser caótica. “Tá uma ‘buracama’. Mercadorias caem e o prejuízo é meu”, lamenta Castro, que considera difícil acabar com o fluxo desordenado de carregadores com seus carrinhos de mão, caminhões e carros. “Na hora do pique, todo mundo quer ganhar dinheiro, é uma correria”, descreve o autônomo, que aos 77 anos chega a puxar 200 quilos em uma carga.
Dentro do Encontro das Ceasas do Mercosul, que ocorre no local, o presidente da Federação Latino-Americana de Mercados de Abastecimento, que somam 300 estabelecimentos na região, o mexicano Arturo Fernández Martínez, apontou que barreiras sanitárias dos países impedem maior intercâmbio de produtos. Martínez citou que o seu país aprovou uma lei de segurança alimentar, que prevê a importação de alimentos que são escassos no mercado. “Seria muito importante se todos os países criassem a sua lei, estamos vendo formas de facilitar o intercâmbio para complementar o abastecimento”, comentou o presidente da federação.
Veículo: Diário do Comércio - MG