No primeiro semestre deste exercício, segmento em Minas registrou recuo de 8,5%, segundo dados da Abit
A combinação de desaquecimento econômico, alta da inflação e redução do consumo está afetando o desempenho do setor têxtil e de confecção de Minas Gerais, que concentra o terceiro maior parque do segmento no país. Na primeira metade deste ano, a produção no Estado diminuiu 8,5% em relação ao mesmo período do exercício passado e a expectativa é que, na melhor das hipóteses, encerre 2014 com recuo de até 5% sobre 2013.
De acordo com o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, o primeiro trimestre não foi ruim, mas o segundo "foi caótico". Por esse motivo, mesmo com o aquecimento esperado para os próximos meses, não será possível retomar os níveis de produção e apresentar números positivos como nos anos anteriores.
"Apesar de as estimativas neste primeiro momento serem positivas, sabemos que as encomendas não serão suficientes para recuperar a baixa registrada no primeiro semestre. Assim, ao fim deste ano, deveremos ter uma queda entre 4,5% e 5% sobre o exercício anterior", explica.
Ainda de acordo com Pimentel, postos de trabalho já estão deixando de ser criados e até mesmo começaram a ser extintos diante da grave situação. Para se ter uma ideia, nos primeiros sete meses de 2014, foram gerados 1.152 empregos formais no setor em Minas, contra 1.876 no mesmo periodo de 2013, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
"Em âmbito nacional, as demissões já começaram a ocorrer. Até julho, foram desligadas mais de 30 mil pessoas no segmento e quando olhamos o acumulado dos últimos 12 meses observamos o número de 10 mil demissões. E não se trata de falta de competitividade do setor. O que está ocasionando isso são as condições díspares entre os fabricantes nacionais e os concorrentes estrangeiros. Além disso, o baixo desempenho da economia e a queda do consumo agravam essa situação", explica.
Propostas - Para tentar reverter o quadro negativo, segundo Pimentel, a Abit tem apresentado uma série de propostas ao governo e, mais recentemente, aos candidatos à eleição. Entre as medidas estaria a inclusão de itens de cama, mesa e banho no programa "Minha Casa Melhor", do governo federal.
"Nosso grande questionamento é porque produtos eletrônicos, como televisão e tablet, estão inseridos no benefício e itens de primeira necessidade, como toalhas e lençóis, não. A justificativa que nos dão é que os recursos podem vazar para a indústria internacional, mas garantimos que não. Nossa indústria é forte, competitiva, portadora de futuro. Investe, inova, emprega e está presente em todo território nacional. Mas precisa de oportunidades", justifica.
Tratando-se especificamente da indústria em Minas Gerais, o diretor-superintendente destaca que o desempenho ruim não é um caminho sem volta. Ele ressalta que o setor no Estado vem, cada vez mais, ganhando representatividade no cenário brasileiro, com eventos e empreendimentos de destaque. Com um faturamento de aproximadamente US$ 14,2 bilhões, o setor têxtil e de confecção mineiro conta com 4.224 empresas e 188 mil trabalhadores diretos.
Veículo: Diário do Comércio - MG