A Zatix, empresa de rastreamento de veículos controlada pelo Pátria Investimentos, planeja voltar a crescer este ano, com foco em novos mercados, como o Nordeste e o Centro-Oeste, e com a ampliação da carteira de clientes. A meta é elevar o faturamento em 10% até dezembro e em 20% em 2015, segundo seu presidente, Cileneu Nunes. Em 2013, as vendas ficaram estáveis em relação ao ano anterior, em R$ 145 milhões.
Nunes observa que, apesar da estabilidade da receita, o resultado antes de lucro, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) subiu 30% no ano passado, ajudado pela redução de despesas e mais eficiência. A Zatix teve lucro líquido no exercício de 2013 e deve fechar este ano também com ganhos, diz o executivo, sem revelar números.
Agora, o foco é recuperar o espaço perdido no mercado nos últimos anos - consequência de um complicado processo de integração de empresas adquiridas e pela saída da área de seguros (as seguradoras têm desenvolvido sistemas próprios), além da menor participação no varejo.
O principal mercado da Zatix são as transportadoras de grande porte, que precisam rastrear e monitorar suas frotas por exigência legal. O segmento movimenta R$ 1,1 bilhão por ano, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento (Gristec).
Cerca de 300 empresas operam na área de monitoramento, segundo a Gristec. É um mercado de disputa acirrada, com concorrentes de peso como Autotrac e Sascar, que pertencia ao GP Investments e foi vendida em junho ao grupo francês Michelin. O potencial de expansão, no entanto, é grande: dos 46 milhões de veículos que circulam no território nacional, apenas 2,3 milhões têm sistemas de rastreamento.
Para ganhar espaço entre as pequenas e médias empresas, a Zatix lançou o sistema de gestão de frotas Linker. A plataforma funciona como um portal de internet e permite monitorar a localização de veículos em tempo real, por meio de mapas digitais e pontos de referência personalizados. O funcionamento em módulos permite atender frotas menores e, se necessário, acompanhar o crescimento do negócio.
A parceria com montadoras também representa um grande potencial de crescimento, não apenas pela lei para a instalação obrigatória de rastreadores em carros novos - temporariamente adiada pelo governo brasileiro -, mas também para a prestação de serviços de valor agregado. A Zatix tem uma parceria com a MAN, marca de caminhões da Volkswagen, desde 2007, em que os modelos mais pesados saem da fábrica em Resende (RJ) com os rastreadores instalados e ativados no sistema Volksnet.
Os dispositivos da Zatix são produzidos em uma fábrica em Santa Rita do Sapucaí (MG). A empresa tem sede em Alphaville (SP), escritórios em Hortolândia (SP), Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e um centro técnico em Osasco (SP). Tem 620 colaboradores diretos e 250 indiretos.
Neste ano, além da filial de Belo Horizonte, foi inaugurada uma em Vitória. Em 2015, o plano é abrir outras duas filiais, uma no Centro-Oeste e a outra no Nordeste, como parte do ciclo de expansão nessas duas regiões, iniciado em 2014.
"Nosso desafio é a expansão", diz Nunes. Ele fala com a experiência de quem viu a empresa diminuir de porte - de R$ 200 milhões na época em que foi criada para R$ 145 milhões atualmente, diante de um complexo processo de integração.
A Zatix é resultado da fusão entre Graber, OmniLink e Teletrim, em um negócio costurado pelo Pátria em 2008. O processo de fusão iniciado em agosto daquele ano foi terminado cerca de cinco meses depois. Então, surgiram dificuldades. "O ano de 2009 foi desgastante", lembra Nunes. "Eram culturas muito diferentes." Além de integrar as três associadas, era preciso gerenciar outras aquisições, como as da Rodosis, CData e Control Loc, feitas pela OmniLink antes da criação da Zatix, e da Control Sat e da carteira de clientes da Prisma Sat, adquiridas depois da fusão.
A dificuldade em cuidar da união dos negócios adiou o plano inicial de crescimento. Na época, a empresa mudou a gestão e passou a ser comandada por administradores profissionais, contratados para liderar o processo de fusão de várias empresas.
"Apenas em 2011 veio o início da recuperação", diz Nunes. Guilherme Tatini, do Pátria, assumiu a gestão da Zatix. Nunes, que havia sido afastado da presidência em 2009, retornou em 2011 como consultor, passou a diretor de engenharia em 2012 e, em 2013, reassumiu como presidente, enquanto Tatini retornou ao Pátria e ao conselho de administração da Zatix. "Agora podemos olhar para o futuro, e é essa a nossa prioridade", diz Nunes.
Veículo: Valor Econômico