Com as perdas provocadas pela estiagem já confirmadas, os preços pagos pela saca de café no país estão em alta, o que vem comprometendo o faturamento da indústria, que não consegue repassar para o mercado consumidor os reajustes pagos na aquisição da matéria-prima. De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, os preços do café in natura para a indústria já subiram cerca de 80% desde janeiro. No mesmo período, a indústria reajustou os valores para os consumidores entre 18% e 20%, acumulando prejuízos. Segundo ele, novos reajustes devem ocorrer ainda neste ano.
"A indústria brasileira de café tem acompanhado com apreensão os resultados desta seca que aconteceu logo no início do ano e que, agora, já sabemos que a safra será menor em 2014 e também em 2015. A queda afetou muito as cotações internacionais, que subiram mais de 75% na Bolsa de Nova York. Se por um lado a alta compensa parte das perdas dos produtores, por outro significa aumento de custo para a indústria, que tem as margens muito ajustadas. Observamos que durante os primeiros meses do ano a indústria ensaiou uma pequena correção gradual dos custos, mas só uma parte conseguiu concretizar", informou Herszkowicz, que participou da abertura da Semana Internacional do Café, ontem em Belo Horizonte.
Diante desse cenário, segundo ele, novos reajustes nos preços poderão ocorrer nos próximos meses. Mas Herszkowicz não arriscou a dizer um percentual desse provável aumento. Ele afirmou apenas que os reajustes irão acompanhar o desempenho dos preços do café in natura.
Mesmo com esse cenário, o diretor da Abic afirma que a expectativa é de que a indústria cafeeira mantenha os níveis de vendas registrados em 2013, encerrando este ano com a movimentação de R$ 8 bilhões. O consumo poderá crescer 3% somando 21 milhões de saca de 60 quilos de café.
Veículo: Diário do Comércio - MG