Impulsionada pela alta produtividade de seus pomares em um contexto de preços mais altos, a Renar Maçãs, que produz e comercializa a fruta in natura ou processada, registrou significativa melhora operacional nos primeiros nove meses deste ano, apesar de ainda fechar o período no vermelho - cenário que só deve se reverter quando a reestruturação financeira em curso estiver concluída e a companhia ganhar mais escala.
Conforme balanço protocolado nesta madrugada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Renar reportou um prejuízo líquido de R$ 6,137 milhões no acumulado deste ano até setembro. No mesmo período do ano passado, a empresa sediada em Fraiburgo (SC) teve um lucro de R$ 3,617 milhões.
Diferentemente do que parece à primeira vista, a comparação com o ano passado não é desfavorável. De acordo com o diretor financeiro da empresa, Henrique Roloff, o lucro dos primeiros nove meses de 2013 não foi sustentado pelo lado operacional, e sim por conta de uma receita não recorrente de R$ 17 milhões oriunda da venda de ativos, tais como pomares improdutivos, para reduzir o endividamento.
Feita essa ressalva, os números operacionais da Renar neste ano demonstram evolução. Entre janeiro e setembro, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 7,4 milhões. No mesmo intervalo do ano passado, o Ebitda da Renar havia ficado negativo em R$ 513 mil. No acumulado de 2014 até setembro, a margem Ebitda da Renar atingiu 16,5%, ante uma margem negativa de 1,8% um ano antes.
"Os resultados nos deixam bastante animados e a expectativa é de continuidade", diz Roloff, reafirmando o "guidance" da empresa para o ano, de atingir um Ebitda de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões.
Conforme o executivo, a Renar foi beneficiada duplamente em 2014. De um lado, os pomares de maçã da companhia apresentam produtividade recorde. Além disso, o preço médio da maçã vendida pela empresa é 33% maior na comparação com os primeiros nove meses de 2013 devido à estiagem que atingiu a produção de maçã de outras regiões do país - os pomares da Renar não foram afetados.
Com isso, a empresa registrou um forte aumento da receita e do volume comercializado. Entre janeiro e setembro, a receita líquida da companhia cresceu 58%, atingindo R$ 45,4 milhões. Já o volume vendido cresceu 20,9%, a 30 mil toneladas.
No lado financeiro, a empresa reduziu o endividamento em mais de R$ 5 milhões em seu terceiro trimestre - no acumulado do ano, a redução é de R$ 28,9 milhões -, para R$ 46,3 milhões. De acordo com o executivo, a dívida tende a cair ainda mais até o fim do ano e no próximo. A expectativa de Roloff é que a dívida da Renar recue para cerca de R$ 40 milhões no fim do ano e que, até o fim de 2015, a dívida da companhia recue para R$ 30 milhões.
Veículo: Valor Econômico