Fabricante de alimentos com planta em Lagoa da Prata atribui decisão às incertezas do atual cenário econômico
As incertezas provocadas pelo atual cenário econômico têm deixado as empresas mineiras mais cautelosas em relação a projetos que exigem grandes investimentos. E um bom exemplo é a Embaré Indústrias Alimentícias S/A, com fábrica em Lagoa da Prata (região Centro-Oeste). A companhia pretendia desenvolver, ao longo deste ano, o planejamento para construção de uma nova unidade, mas adiou os planos para 2015. O aporte é considerado fundamental para a manutenção do crescimento da indústria, que vem trabalhando no limite da capacidade de produção.
De acordo com o diretor-presidente da Embaré, Hamilton Antunes, a ideia era analisar ao longo de 2014 as propostas de diversos municípios de Minas e de outros estados. E a partir daí definir o melhor local para instalação da nova unidade, baseado nos benefícios oferecidos e em questões como disponibilidade de matéria-prima e acesso ao mercado consumidor. Segundo ele, a expectativa era chegar a meados de 2015 com a construção da unidade totalmente planejada.
"Este foi um ano de incertezas no que diz respeito aos rumos da economia, que fez com que os empresários ficassem mais cautelosos e colocassem o Àpé no freio" em relação a grandes investimentos. Diante destas indefinições, preferimos segurar um pouco o desenvolvimento do projeto. Estamos aguardando o desenrolar do próximo ano para analisarmos o cenário e quando tivermos segurança daremos continuidade ao planejamento", explicou Antunes, que preferiu não informar o valor do aporte.
Apesar disso, ao longo de 2014 foram realizados diversos aportes na melhoria dos processos produtivos, o que gerou aumento da produtividade e redução de custos. As intervenções, que demandaram cerca de R$ 42 milhões, foram consideradas fundamentais para que os negócios continuassem em expansão, mesmo com a planta de Lagoa da Prata operando quase na capacidade total. Com a otimização das linhas, a expectativa é encerrar este exercício com crescimento na receita pouco menor do que os 20% previstos no início do ano.
"A fórmula encontrada para que ficássemos próximos à meta de expansão foi a melhoria dos processos de produção e a introdução de alguns produtos nas linhas já existentes, como o leite sem lactose, que está com demanda crescente no mercado. Vamos trabalhar até a exaustão, com investimentos menores e segmentados", disse o empresário.
Outro projeto importante desenvolvido em 2014 foi a instalação de uma nova caldeira que utiliza combustível renovável, à base de biogás, gerado a partir da decomposição de matéria orgânica e cavacos de eucalipto. Com a mudança, a empresa economiza cerca de R$ 1 milhão por mês em combustível.
"Este investimento, além de proporcionar economia, traz ganhos ao meio ambiente e movimenta a economia local, uma vez que os insumos são adquiridos de produtores rurais da região próxima à indústria, explicou.
Um dos gargalos enfrentados ao longo de 2014 foi a menor oferta de leite, principal matéria-prima da empresa. "A estiagem atípica registrada em Minas fez com que a produção de leite na região diminuísse e os preços pagos ao produtor mais elevados. Devido às condições do mercado, não foi possível repassar todo o reajuste para o consumidor final. Houve um estreitamento da margem de lucro, mas conseguimos driblar esta situação com as melhorias internas que aumentaram a rentabilidade", afirmou Antunes.
Veículo: Diário do Comércio - MG