Colheita brasileira em 2014/2015 deve registrar aumento de 4,2% impulsionada principalmente pela soja
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ampliou para 29,1 milhões de toneladas a projeção máxima para a safra 2014/2015 no Rio Grande do Sul. A alta é de 1,6% na comparação com o período 2013/2014, quando a produção total foi de 28,6 milhões de toneladas. Os dados fazem parte do terceiro levantamento de intenção de plantio, divulgado ontem, e, se confirmados, garantiriam a segunda maior colheita da história do Estado.
A soja segue ganhando espaço, apresentando crescimento na área plantada (4,1%), na expectativa de produtividade (2,8%) e na produção (7,1%), que pode chegar às 13,7 milhões de toneladas. Por outro lado, o milho indica queda nos três quesitos analisados, respectivamente, de 4,2%, 6,8% e 10,7%. Para o superintendente regional da Conab, Glauto Melo Júnior, a tendência é de que a rentabilidade garanta o avanço da oleaginosa sobre outros plantios e espaços antes destinados a outros atividades. “Tivemos um incremento de mais de 75 mil hectares na Fronteira-Oeste em área de campo nativo. Além disso, nas regiões produtoras de arroz, incrementou-se a rotação com soja”, explica.
O arroz, depois de problemas com a umidade durante o início do plantio, se recuperou e mantém a tendência de estabilidade observada nos últimos quatro anos, com uma variação positiva em todos os itens, respectivamente, de 0,1%, 2,3% e 2,2%. Dessa forma, as culturas de verão devem compensar as perdas expressivas observadas no inverno. O trigo, por exemplo, mesmo com uma área 9,7% maior, teve uma quebra de 56,5% na produtividade e, consequentemente, de 52,3% na colheita, com uma safra de apenas 1,5 milhão de toneladas. “Os problemas climáticos que causaram perdas no inverno não devem aparecer no verão, o que deve garantir um ótimo patamar produtivo”, pondera Melo Júnior.
O cenário gaúcho acompanha as tendências nacionais. No Brasil, a safra de grãos pode atingir os 201,5 milhões de toneladas em 2014/2015, uma estimativa de crescimento na ordem de 4,2%, ou seja, incremento de 8,1 milhões de toneladas na comparação com 2013/14. A área plantada total ocupará 57,8 milhões de hectares, acréscimo de 1,5%. Os números brasileiros também são puxados pela soja, plantada em 31,6 milhões de hectares (+4,9%) e com produção de até 95,8 milhões de toneladas, alta de 11,2%. O levantamento aponta também uma redução de 6,6% na área de milho primeira safra, resultando recorrente nas últimas seis safras a uma média de 5,9%. O cereal perdeu espaço para a soja principalmente na região Centro-Sul.
Agora, emplacamento de veículos agrícolas será obrigatório a partir de janeiro de 2016
Reunião na manhã de ontem confirmou a prorrogação do emplacamento de veículos agrícolas por mais um ano. O anúncio, feito pelo ministro das Cidades, Gilberto Occhi, deve ser confirmado na próxima reunião do Contran, na semana que vem. Dessa forma, o emplacamento fica previsto apenas para janeiro de 2016.
O autor do projeto que previa o fim do emplacamento, deputado federal Alceu Moreira (PMDB/RS), comemorou a prorrogação, embora classifique a medida como paliativa. “É mais um tempo para resolver de verdade o problema, o que só não foi possível porque de forma insensível o governou federal vetou o projeto que tinha apoio da Câmara e do Senado. Emplacar tratores, colheitadeiras, tobatas e pulverizadores como se fossem automóveis de passeio é um absurdo para tomar dinheiro dos produtores. A não ser que queiram as máquinas transitando nas cidades, até porque, pagando o que o governo quer os agricultores terão esse direito”, comentou.
O presidente da Fetag, Elton Weber, entende que a decisão do ministro atende ao ofício encaminhado pela entidade no dia 1 de dezembro, o qual solicitava a prorrogação por mais um ano. O dirigente lembra que tramitam no Congresso Nacional as MPs 656 e 658 e que emendas ao texto das mesmas devem alterar as regras que exigem o registro e o emplacamento das máquinas agrícolas. “Esse novo prazo dará tempo para que os deputados possam modificar a lei para corrigir as distorções existes”, justifica.
Mesmo com sinalização do Ministério das Cidades da prorrogação da entrada em vigor da medida, a Assembleia Legislativa gaúcha vai manter a discussão sobre o assunto em audiência pública hoje. Também estão mantidos os protestos em estradas estaduais e federais. O deputado Ernani Polo (PP), proponente da audiência na Comissão de Agricultura entende que, mesmo que tenha havido sinalização do ministro Gilberto Occhi, é necessário discutir a fundo a questão.
Segundo Polo, será elaborado um documento oficial para ser encaminhado à presidência da República e ao Ministério das Cidades, reiterando a necessidade da prorrogação.
“Também vamos solicitar a suspensão definitiva da obrigatoriedade do emplacamento das máquinas agrícolas. Os agricultores utilizam seus maquinários apenas para trabalhar em suas propriedades e em um restrito perímetro, produzindo alimentos. Esta medida descabida faria com que o produtor arcasse com custos de 3% sobre o valor da máquina agricola por ano a título de emplacamento,” diz Ernani Polo.
Estoques agrícolas no Brasil devem encerrar o ano com alta, segundo dados do IBGE
Os estoques das principais culturas da agricultura brasileira cresceram em 2014, em relação a 2013, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A exceção foi o arroz, que apresentava um estoque 4,6% menor em 30 de junho de 2014 na comparação com a mesma data de 2013.
O maior estoque nacional é o de soja, que chegou a 20,68 milhões de toneladas em 2014, com um crescimento de 0,6%. Já o milho teve uma alta de estoques de 20,3% com 10,35 milhões de toneladas. O arroz teve estoques de 4,81 milhões de toneladas, apesar da queda. O trigo, com a maior expansão de volume estocado - 75,3% - acima do registrado em 2013, totalizando 3,04 milhões de toneladas neste ano. O café também teve aumento nos estoques, de 35,8%, e chegou a um total armazenado de 1,17 milhão de toneladas.
O número de estabelecimentos ativos disponíveis para estocagem cresceu 0,1% em relação ao ano anterior. São 9.142 unidades contabilizadas, das quais 4.145 no Sul e apenas 301 no Norte.
A maior parte dos estabelecimentos pesquisados (80%) pertencia à iniciativa privada, enquanto o governo tinha 2% e as cooperativas, 17,2%. Empresas de economia mista detinham 0,8%. O comércio, desconsiderando os supermercados, respondia por 26,9%; os serviços de armazenagem, 25,4%; os estabelecimentos de produção agropecuária, com 23,1%; e a indústria, com 21,4%. Os supermercados eram 3,2% dos estabelecimentos.
O Brasil tem capacidade instalada para 163,6 milhões de toneladas, e estocava 41,6 milhões em 30 de junho deste ano. Em relação a 2013, essa capacidade cresceu 1,6%, com alta de 3,17% na capacidade útil dos silos e 1,6% nos armazéns graneleiros e granelizados. Os armazéns convencionais, estruturais e infláveis retraíram sua capacidade em 1,5%.
Veículo: Jornal do Comércio - RS