Produção maior e perda do poder aquisitivo da população afetaram cotações. Queda do preço do leite restrita a Minas e Goiás avança pelos outros estados
A pecuária de leite enfrenta queda dos preços pagos ao produtor em pleno período de entressafra, quando os valores historicamente deveriam subir. Ao contrário do que ocorreu no mesmo período do ano passado, quando a atividade foi rentável, no momento atual os custos, puxados pelos aumentos dos insumos como razão e fertilizantes, estão bem elevados, em torno de 30% maiores, enquanto a indústria acena para nova queda de preço no próximo mês.
O presidente da Comissão Nacional de Pecuaria de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Sant’Anna Alvim, observou que, se considerado o valor médio pago pelas indústrias em julho nos sete Estados pesquisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o litro de leite passou a valer R$ 0,7465, com recuo de 2,21% em relação ao mês anterior.
"A queda do preço, inicialmente restrita a Minas Gerais e Goiás, parece estar se manifestando em outros Estados, ainda que em menor magnitude", avaliou. Pela primeira vez no ano, o preço pago ao produtor goiano ficou abaixo das médias de Minas Gerais e São Paulo. Em Minas Gerais, o recuo foi de R$ 0,02, com o preço atingindo R$ 0,7589/litro.
A mudança de cenário na pecuária de leite, segundo o técnico, decorre de fatores como incremento da produção de leite, aumento no preço dos alimentos e elevação da taxa de juros, com conseqüente valorização do real.
Poder aquisitivo - Em relação ao aumento da produção de leite, disse ele, o recente momento favorável, em 2007, incentivou o incremento da produção que, segundo o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), foi de 9,3% no primeiro trimestre de 2008, quando comparado ao mesmo período do ano passado.
"O aumento no preço dos alimentos influencia no preço do leite à medida que reduz o poder de compra do consumidor, que passa a ter que dispor de uma quantidade maior de seu orçamento para adquirir a mesma quantidade de produtos. Essa redução do poder aquisitivo do consumidor impede o incremento do consumo de lácteos", avaliou Alvim.
De acordo com o representante da CNA, não obstante o aumento da oferta de leite e a retração do consumo interno, a atual política econômica de altas taxas de juros e câmbio desfavorável, que sobrevalorizam o real perante o dólar, coloca em risco os bons resultados obtidos nas exportações, no primeiro semestre deste ano.
Veículo: Diário do Comércio - MG