Indústria estava despreparada para temperaturas tão altas como as de 2014, diz associação
Com ar-condicionado, consumidor procura solução definitiva; climatizadores são opção mais barata
As temperaturas altas registradas nos últimos dias em São Paulo, com máximas atingindo 35,4ºC, esquentaram também a procura por aparelhos de refrigeração. Uma pesquisa do site comparador de preços Zoom com 300 lojas on-line (que respondem por 90% do varejo virtual) mostra que a demanda por ares-condicionados, climatizadores e ventiladores subiu 286%, 188% e 222%, respectivamente, entre os dias 5 e 11, na comparação com o período de 29 de dezembro do ano passado a 4 de janeiro.
Em grandes lojas de varejo, os ventiladores, opção mais barata para enfrentar o calor, estão virando artigo raro, e há estoques repostos que não duram nem um dia. "Ninguém esperava um verão desse, porque 2014 já foi muito quente. Boa parte dos fabricantes está quase sem produtos", diz Toshio Murakami, presidente do departamento nacional de ar-condicionado residencial da Abrava (a associação brasileira de refrigeração).
A Via Varejo, empresa que administra as lojas da Casas Bahia e do Pontofrio, disse que as vendas desses produtos nos 12 primeiros dias do ano superaram a expectativa para todo o mês. Além das temperaturas elevadas, as férias coletivas nas fábricas também contribuíram para o desabastecimento nas lojas.
"Agora a indústria tem que trabalhar forte, 'full time', para normalizar o fornecimento", diz Lourival Kiçula, presidente da Eletros (associação dos fabricantes de produtos eletrônicos). O desequilíbrio entre oferta e demanda pode se refletir nos preços. Segundo Levi Lima Fonseca, gerente do setor de elétrica e iluminação de uma loja da Leroy Merlin, os produtos de refrigeração estão vindo da indústria de 8% a 10% mais caros.
Murakami diz, no entanto, que o aumento não ocorre pela demanda crescente, mas sim pela taxa cambial. "Não há especulação de preço pela falta. Esse setor usa vários componentes importados e, por isso, é impactado pela valorização do dólar."
OPÇÕES
A Abrava estima que, em 2014, 17% dos lares brasileiros tinham ar-condicionado --índice pequeno se comparado aos 37% da China. Há espaço para expansão. Dos três segmentos de refrigeração pesquisados pelo Zoom, o ar-condicionado foi o único que apresentou crescimento (4%) nos primeiros 11 dias de janeiro, ante mesmo período de 2014.
"Com as temperaturas altas constantes, os consumidores estão partindo para uma solução mais definitiva", diz Thiago Flores, diretor-executivo do Zoom. Definitiva, porém cara. Para quem quer uma alternativa mais eficiente que o ventilador, mas gastando menos, os climatizadores são uma boa opção. Eles umidificam o ar e conseguem reduzir a temperatura em 3?C ou 4?C, segundo Fonseca, mas não refrigeram todo o ar do ambiente.
Veículo: Folha de S. Paulo