O rastro de prejuízo deixado no Estado pela crise no leite preocupa e mobiliza o setor na busca por soluções para evitar que o problema se transforme em um caminho sem volta. Ontem, o assunto foi discutido na Câmara Temática do Leite do Sistema Ocergs/Sescoop-RS, que reúne cooperativas de leite
Levantamento feito pela Emater mostra que 5.892 produtores de leite estão com dificuldades decorrentes das relações comerciais com indústrias nas regiões de Santa Rosa, Lajeado, Frederico Westphalen, Erechim, Soledade, Santa Maria, Bagé e Porto Alegre.
Em outras palavras, enfrentam problemas devido à falta de pagamento e ao não recolhimento de pequenos volumes. Como dados da região de Ijuí não estão computados no raio-x, a projeção é de que o número de produtores afetados seja em torno de 7 mil produtores.
Estimativa da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) aponta que 20 mil famílias estariam sofrendo os efeitos da falta de pagamento e a ausência de coleta. Dado da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo aponta 6.926 produtores. São todos números possíveis e mostram o quão grave é o problema. Do debate na Ocergs veio também um outro diagnóstico. Apenas 3% dos produtores atingidos eram atendidos por cooperativas e desse percentual, só 0,5%, segundo Vergilio Perius, continuam com problemas:
– O mercado de leite spot (comercialização entre as indústrias) agravou a questão. As cooperativas só recebem leite de quem é identificado. A relação de confiança e de fidelidade estabelecida fez inclusive crescer o número de associados produtores de leite: foram 3,3 mil a mais em 2014 nas cooperativas Cosuel, Cosulati, Piá, CCGL, Languiru e Santa Clara.
Resolver a situação dos outros produtores de leite é fundamental. O ano de 2015 será, por si só, “turbulento”, observa Darci Hartmann, da CCGL. Reflexo do aperto de cintos dentro do país, mas também do mercado lácteo internacional, atualmente com estoques elevados e preços em queda.
Veículo: Zero Hora - RS