Chuvas ocorridas no início deste mês não foram suficientes para a recuperação total das lavouras do Estado
As chuvas registradas no início de fevereiro não foram suficientes para a recuperação total das lavouras de soja, mas se as mesmas mantiverem a regularidade poderão minimizar os prejuízos. De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), levantamento preliminar realizado nas principais regiões produtoras mostrou que as perdas produtivas estão acima de 20%.
Para o coordenador técnico estadual de Culturas da Emater-MG, Wilson José Rosa, como o período de estiagem em janeiro foi bem prolongado, a cultura terá perdas mesmo com a regularização das chuvas. "Acreditamos que haverá redução das perdas, mesmo com as chuvas se mantendo regulares, porém, a recuperação total não deverá acontecer", ressalta.
A expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o Estado é de uma safra de 3,8 milhões de toneladas de soja, porém, com os impactos da estiagem esse volume não deve ser alcançado. "Saberemos a real perda somente com a colheita do grão. Nos levantamentos feitos pela Emater chegamos a uma estimativa de perda acima de 20%, com a regularidade das chuvas, esse índice pode ser reduzido".
Com a estiagem, que atingiu os campos durante o desenvolvimento vegetativo da soja, os principais efeitos provocados pela escassez hídrica são o crescimento mais lento das plantas, o amarelamento e queda das folhas e, posteriormente, pode ocorrer o comprometimento no período de enchimento dos grãos, que ficam irregulares e mais leves.
Uberaba - De acordo com Willy Gustavo de La Piedra Mesones, coordenador técnico estadual da Emater-MG em Uberaba, no Triângulo Mineiro, na região os prejuízos são significativos. "As chuvas registradas de forma mais regular no início de fevereiro contribuiu para a redução das temperaturas e aumento da oferta de água no solo. Porém, o índice pluviométrico ainda é muito baixo, por isso, não será possível recuperar totalmente as perdas. Para se ter ideia, ao longo de janeiro choveu cerca de 90 milímetros, sendo que o esperado para o período é de 360 a 380 milímetros".
Segundo Mesones, o atraso nas chuvas vem marcando a safra atual. O plantio da soja na região, que normalmente acontece no final de setembro e início de outubro, quando se iniciam as chuvas, só foi concluído em dezembro, o que reduziu ainda mais a janela de plantio da segunda safra.
A falta de chuvas prejudicou, com maior rigor, o plantio de soja precoce, semente que é adotada por produtores que, normalmente, investem no plantio da segunda safra, cultivando, geralmente milho. "Em Uberaba, muito produtores estão relatando perdas significativas, acreditamos que a queda na produção será em torno de 30%, mas alguns plantios estão com perdas produtivas que variam entre 50% e 60%. Essa variação acontece em decorrência das chuvas irregulares no município, caso se mantenha regulares ao longo de fevereiro, as perdas poderão ser menores", avaliou.
A colheita em Uberaba já foi iniciada em algumas unidades produtoras e existem relatos de que as vagens de soja e os grãos estão menores, o que impacta na produtividade. "O número de sementes por vagem está menor. Além disso, a altura das plantas ficou inferior ao normal, o que pode causar perdas na hora da colheita mecanizada", explicou Mesones.
Veículo: Diário do Comércio - MG