Desemprego sobe para 5,3% em janeiro

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Alta em relação à taxa do mesmo mês do ano passado foi a mais expressiva desde a crise global de 2008/2009
Desocupação aumentou mais entre quem tem de 18 a 24 anos; parcela empregada é a menor sob o governo de Dilma

 




O desemprego em nível baixo era, até agora, o principal ponto fora da curva de queda da atividade econômica no Brasil. Dados divulgados nesta quinta-feira (26) pelo IBGE indicam que o descasamento pode estar no fim. A taxa de desemprego deu um salto considerável, de 4,3% em dezembro para 5,3% em janeiro deste ano. No mesmo mês de 2014, o resultado havia sido de 4,8%.

O movimento de alta nesse período do ano é natural, pois reflete o fim da temporada de Natal. Mas o aumento verificado pelo IBGE agora foi o mais alto para esse período do ano desde a passagem de 2008 para 2009 --auge da crise financeira global. Com a maior busca por trabalho e sem vagas para todos, a população desocupada (estimada em 1,3 milhão nas seis maiores metrópoles) cresceu 22,5% ante dezembro. Já o total de ocupados (23 milhões) caiu 0,9% ante dezembro.

A parcela empregada da população das principais regiões metropolitanas do país caiu ao menor patamar após 2010, no governo Dilma. Das pessoas com idade acima de dez anos, 52,8% estavam empregadas. Embora acima das expectativas do mercado, o ajuste não é surpresa para economistas e empresários, que já antecipavam esse movimento havia meses. A fraca geração de vagas no mercado de trabalho formal em 2014 prenunciava essa tendência.

Mesmo com o crescimento econômico fraco nos últimos anos, a parcela de brasileiros desocupados se mantinha em nível historicamente baixo. A forte expansão da economia em meados da década passada levou a uma grande absorção pelo mercado de trabalho tanto dos profissionais mais qualificados quanto dos menos educados.

O aquecimento trouxe aumento de salários em ritmo bem mais forte do que a expansão da eficiência da economia, o que pressionou os custos das empresas.

No entanto, como os custos para demitir e contratar funcionários no Brasil são muito altos, empresários preferiram segurar seus empregados, mesmo com a desaceleração de anos recentes. A aposta parecia ser que a perda de fôlego da economia poderia ser passageira.

RECESSÃO


O problema é que a recuperação não veio e as perspectivas pioraram ainda mais. A expectativa é de recessão em 2015. O que o dado de desemprego em janeiro indica é que uma onda mais forte de demissões tende a começar. A grande questão é até que nível pode subir o desemprego.

É uma trajetória difícil de prever porque, além da resistência das empresas em demitir, outra explicação para o baixo desemprego atual é uma redução da parcela de brasileiros em idade ativa, no mercado de trabalho. Muitos desses trabalhadores chamados inativos são jovens de 18 a 24 anos que parecem ter preferido se dedicar aos estudos. A dúvida de economistas é como eles reagirão daqui para a frente.

Se continuarem fora do mercado, a taxa de desemprego tenderá a subir menos.

Cálculo de Alexandre Schwartsman, economista e colunista da Folha, indica que, se a taxa de participação no mercado de trabalho permanecer no atual nível baixo (56% em 2014) e o PIB encolher 0,5% em 2015, o desemprego poderá subir para 6,5% a 7% neste ano.

Mas, se esses jovens precisarem sair à procura de trabalho --caso a renda de seus pais encolha, por exemplo--, o desemprego dará um salto mais considerável. Pelas contas de Schwartsman, se a taxa de participação subir para 57%, o desemprego poderia chegar a algo entre 8% e 8,5%, considerando a mesma contração de 0,5% do PIB.

Se o PIB encolher mais, o aumento do desemprego tende a ser ainda maior, embora economistas não apostem em um retorno para dois dígitos. Os dados de janeiro dão uma indicação da dificuldade que os trabalhadores mais jovens podem enfrentar na busca por emprego. Normalmente mais alta entre os mais jovens, a taxa de desemprego aumentou de forma mais marcante justamente entre quem tem de 18 a 24 anos, indo de 10,5% em dezembro para 12,9% em janeiro.



Veículo: Folha de S. Paulo


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