Para sobreviver no mercado e se inserir no novo ciclo da economia do estado, usinas abrem outras janelas de oportunidade
As crises fomentam as ideias. Para sobreviver no mercado competitivo, as usinas de açúcar têm que se reinventar. A tradicional fábrica de açúcar perde espaço no atual cenário econômico. Modernização do parque fabril, investimento em tecnologia e inovação no campo e na indústria são fundamentais. Alguns grupos de usinas com DNA pernambucano deram um passo à frente e focam na modernização da gestão. Investem na profissionalização e qualificação de mão de obra. Fornecem matéria-prima às indústrias que se instalam Zona da Mata.
Uma das maiores produtoras de açúcar e etanol do estado, a Usina São José, do grupo Cavalcanti Petribu, localizada numa área de 28 mil hectares, no município de Igarassu, Zona da Mata Norte, deu o pulo do gato. Do total das terras, 17 mil hectares são destinados à produção de cana. O açúcar é comercializado principalmente como matéria-prima para a indústria de alimentos e bebidas, e outra parte vai para a exportação. A usina também produz etanol e energia elétrica da biomassa da cana, o que garante a autonomia para a produção interna. O excedente de energia é comercializado. A empresa não informou os quantitativos de produção.
Frederico Vilaça, diretor da São José, diz que há empresas do setor com menor e outras com maior capacidade de investimento. “Aqui a gente planta cana, produz açúcar, etanol e energia elétrica, porque é o mais viável. Se fosse mais viável produzir eucalipto a gente ia produzir”, diz.
Na sua visão, a nova configuração da base industrial do estado abre uma janela de oportunidades para o setor. “A gente considera de extrema importância essas novas indústrias de alimentos e bebidas instaladas. Elas precisam de suprimento contínuo e podem se abastecer aqui.”
Para se destacar no mercado e enfrentar a concorrência, a empresa optou pelo investimento em profissionalização e qualificação da mão de obra no chão de fábrica. No laboratório de controle de qualidade, 40 funcionários se revezam em três turnos no período da safra da cana. Fugindo da crise em Alagoas, a engenheira química Maria Selma da Silva, 39, desembarcou disposta a fazer carreira. Hoje trabalha na área de controle de qualidade da usina. “É o futuro do setor”, diz.
A professora de matemática Luciana Alves da Silva, 38, mudou o rumo da profissão. É analista de açúcar da São José. Formada em química pelo Senai, ela fez cursos de especialização e se orgulha do trabalho.
Veículo: Diário de Pernambuco