Valor, segundo o Dieese, compromete 41,19% do salário mínimo líquido em março deste ano
Ficou mais caro comprar os itens mínimos de subsistência no Recife, no mês março. De acordo com a pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor da cesta básica na capital pernambucana no período subiu 1,24%, saltando de R$ 294,93 para R$ 298,60, o equivalente a um acréscimo de R$ 3,67.
O montante gasto no Recife, nos cálculos do órgão, comprometeu 41,19% do salário mínimo líquido só com as despesas mínimas de alimentação, um pouco abaixo da média nacional deste mesmo indicador, de 45,44%. No últimos 12 meses, observou-se um acréscimo de 6,62%, ou R$ 18,54. Em 2015, de acordo com o Dieese, todas as capitais pesquisadas registraram elevação no custo médio do conjunto de bens essenciais, sendo as mais expressivas observadas em Salvador (13,12%), Aracaju (11,20%) e Curitiba (10,72%).
No acumulado do último ano, dezessete das dezoito capitais onde o Dieese realiza o levantamento de preços da Cesta Básica apresentaram aumento em seus preços médios, sendo os três maiores em Aracaju (20,99%), Belo Horizonte (11,73%) e Salvador (11,16%). A única capital que registrou declínio no custo total da cesta básica foi Campo Grande (0,59%).
Salário no Recife
O trabalhador do Recife, que recebeu um salário mínimo líquido (descontado a contribuição previdenciária) no mês de março de 2015, gastou R$ 298,60 com despesas de alimentação, comprometendo 41,19% da sua renda, restando 58,81% para serem gastos com os demais itens previstos no Art. 7o. Inciso IV da Constituição (moradia, educação, transporte, saúde, etc).
Em março de 2014, a cesta custava R$ 280,06, R$ 18,54 a menos que o registrado no mesmo mês de 2015, e comprometia 42,05% do salário mínimo líquido com este tipo de despesa. O montante gasto na compra da Cesta Básica para uma família composta por dois adultos e duas crianças (que consomem o equivalente a um adulto) foi de R$ 895,80, cerca de 1,14salários mínimos vigentes em março de 2015.
Jornada
A jornada de trabalho exigida em março/15 para comprar os produtos que compõem a cesta básica foi de 83h22m contra 82h20m em fevereiro/15, 1 hora e 02 minutos a mais. Em relação a março de 2014, o tempo de trabalho necessário para a aquisição da cesta básica no Recife era de 85h06m, 1 hora e 44 minutos a mais que o registrado no mês em análise.
Produtos
Em março, oito dos doze produtos pesquisados registraram aumento em seus preços médios, com destaque para o pão (12,15%), a manteiga (4,63%) e o óleo (4,02%). O pão francês apresentou elevação de preço em 16 capitais. Com a desvalorização do real em relação ao dólar, a importação de trigo teve um maior custo. Além disso, a menor qualidade do cereal e o aumento da energia elétrica também contribuíram para o aumento do produto.
Além de Recife, o preço da manteiga elevou-se em outras nove capitais, com variações entre 0,86% em Fortaleza e 4,90% em Porto Alegre. O óleo aumentou em 15 capitais pesquisadas. A desvalorização do real frente ao dólar contribuiu para a elevação do preço interno da soja e para a exportação do grão. As negociações nos portos tiveram ritmo maior a partir de fevereiro, com a demanda internacional bem aquecida esta época do ano.
O preço do arroz não variou em março. Três produtos tiveram retração de seus preços: a carne (2,47%), a farinha (1,81%) e o leite (1,26%). O preço da carne diminuiu em nove das dezoito capitais, inclusive em Recife. As variações ficaram entre 0,80% em Manaus e 4,37% em Goiânia. A maior elevação ocorreu em Aracaju (3,39%). Embora os preços do boi gordo estejam em níveis recordes, o setor foi atingido pela desaquecimento da demanda interna do produto associado à redução do ritmo de exportação de dois dos principais importadores, Rússia e Venezuela, países que tiveram suas economias afetadas pela redução do preço do petróleo.
Com isto, a margem de retorno dos frigoríficos, principalmente os pequenos e médios se viu reduzida a 1,99%, a menor desde julho/08. A farinha de mandioca teve redução de preço em todas as capitais pesquisadas, exceto Aracaju devido a maior oferta da raiz. Apesar do início da entressafra de leite na Região Sul, algumas capitais ainda não apresentara elevação nos preços do produto. Segundo o Cepea/Esalq, o grande estoque de laticínios e a retração na demanda desde o fim de 2014 contribuíram para diminuição do preço.
Em termos anuais, observou-se forte aumento no custo médio de oito dos doze produtos pesquisados. Os maiores aumentos foram verificados para o feijão (35,10%), o tomate (16,19%) e o café (15,21%), com pesos relativos na cesta básica de 8%, 13% e 2%, respectivamente. Das cidades pesquisadas, 09 tiveram aumento nos preços do tomate. O produto está em período de entressafra, que com as fortes chuvas de fevereiro, gerou impacto no valor do fruto. O café apresentou variação anual positiva em 17 capitais, mesmo com a oscilação do preço no mercado internacional. Os cafeicultores estão “segurando” as vendas até que se defina um valor de mercado.
Por sua vez, as principais reduções ocorreram nos preços médios da farinha (17,68%), da banana (12,79%) e do açúcar (10,58%). Na comparação anual, todas as capitais tiveram retrações no preço médio da farinha, com destaque para as variações acumuladas de Natal (-37,60%) e Manaus (-35,15%). O valor da banana teve variação negativa em seis das 18 capitais, sendo a mais expressiva em Campo Grande (-25,20%). Quanto ao açúcar, o ritmo das negociações continuou lento e os preços se mantiveram estáveis e em patamares baixos, segundo o Cepea/Esalq.
Veículo: Diário de Pernambuco