Um grupo de 2.300 produtores de 83 municípios do sul da Bahia está prestes a receber autorização do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) para utilizar o selo de Identidade Geográfica 'Cacau Sul da Bahia'. O selo é resultado de reuniões realizados nos últimos sete anos e da criação da Associação Cacau Sul da Bahia e deve permitir que as amêndoas da região reconquistem o status de cacau superior com direito a cotação especial na Bolsa de Valores de Nova York.
A notícia que será confirmada pela associação no dia 24 de maio próximo, chega como uma lufada de ar fresco na região. Principalmente para os produtores que, apesar de nos últimos 26 anos sofrerem as consequências da crise fitossanitária causada pela Vassoura-de-Bruxa (VB), produzem 60% do cacau brasileiro. Sustentabilidade, incubadora de empresas e capacitação são termos que estão agora na ordem do dia.
Presidente da associação, o produtor Rodrigo Barreto diz que a documentação foi encaminhada para a unidade do INPI, no Rio de Janeiro, no final de 2014. De acordo com as exigências do órgão existe um prazo de cerca de seis meses para que o pedido seja deferido.
Rodrigo Barreto explica que a entidade foi montada em 2013, com o objetivo de gerir e proteger as amêndoas e o chocolate superior produzido na Bahia. Para tanto foi organizado um regulamento de uso com todos os critérios para obtenção de produção do cacau seco.
Entre estes, ensina, um mínimo de 65% de amêndoas fermentadas por lote, com coloração marron predominante (ardósia é aceitável) e, principalmente, sem qualquer traço de fumaça (usado equivocadamente na secagem), já que o aroma é um das qualidades mais apreciadas pelos especialistas.
Inovação tecnológica
A partir de 2007, o trabalho desenvolvido por técnicos da Ceplac contribuiu para a aproximação entre chocolateiros europeus e empreendedores locais que se destacavam pela capacidade de inovação tecnológica. Desde então passou a ser frequente a visita de chocolateiros europeus ao Brasil.
Com o envio de amostras do cacau brasileiro para a Europa, se iniciou um grande interesse do mercado europeu pelo cacau brasileiro para a produção de cacau fino, caracterizado pelo aroma e gosto (flavour) especiais, utilizados na produção do chocolate gourmet.
O cacau fino e o chocolate produzido por empresas da região sul da Bahia vêm se destacando nas principais feiras, festivais e salões do gênero no Brasil, a exemplo do Festival do Chocolate de Ilhéus, Festival do Chocolate de Belém, Salão do Chocolate de Salvador, bem como em eventos internacionais, como no Salão do Chocolate de Paris e o International Chocolate Awards, realizado em Londres, onde produtores brasileiros têm sido premiados.
Incubação de empresas
Desde 2002, a Ceplac instalou uma planta piloto visando à formulação de chocolate com elevada proporção de massa de cacau, estimulando o desenvolvimento da agroindústria regional. Os produtos concentram de 56,6 % a 70 % de massa de cacau.
Segundo a Ceplac, no processo de incubação de empresas, os produtores são orientados a produzir cacau de qualidade, que é classificado e destinado ao mercado como cacau fino, orgânico ou chocolate.
Os produtores são orientados a empreender seu próprio negócio, alugando plantas industriais para processarem o chocolate e promoverem o crescimento de seu negócio.
Ainda de acordo com a Ceplac, "a iniciativa estimulou o desenvolvimento de equipamentos para a industrialização do cacau e serviu de base para a implantação de diversas plantas industriais de empreendedores individuais e de cooperativas de produtores".
Veículo: A Tarde - BA