Um dos primeiros decretos referentes ao ajuste fiscal do governo federal este ano, que instituiu o recolhimento de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre as vendas das atacadistas do setor, começa a valer nesta sexta-feira (1º) . A regra nº 8.393 indica alíquota de 22% para grande parte das mercadorias de beleza, o que representa uma elevação de preços de até 14% acima da inflação. Para as empresas, o principal impacto é o aumento da carga tributária num setor altamente competitivo, que não é beneficiado por renúncias fiscais.
“Com o aumento da tributação, a indústria nacional perde competitividade e atratividade para o consumo interno. Como consequência, deve haver uma perda iminente de oportunidades de trabalho, bem como uma revisão dos projetos de expansão e investimentos dessas empresas”, afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basilio. Segundo ele, a decisão do governo de passar a cobrar IPI no atacado do setor de cosméticos provocará um aumento real dos preços ao consumidor de 12%, em média, e uma queda nas vendas dos produtos atingidos de 17% a 18%.
No comércio do Recife, os varejistas acreditam que o aumento será repassado em junho aos consumidores e que estes devem começar a optar por produtos mais baratos. “Os produtos que foram alvo da medida do governo são diversificados como cremes para o cabelo, alisantes e maquiagens. O que vai acontecer é que haverá uma procura maior por produtos de menor valor agregado, que significa itens de menor qualidade. Isso gera uma economia perversa, pois as indústrias não terão incentivos para investir em inovação, retirando o acesso ao consumidor para produtos com benefícios adicionais importantes”, reforça Basílio.
Vale ressaltar que o Brasil segue como terceiro maior mercado consumidor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China, se distanciando cada vez mais do Japão, que ocupa a quarta posição. Com um faturamento na ordem de R$ 101,7 bilhões, o setor registrou crescimento nominal de 11% em 2014, se comparado aos R$ 91,9 bilhões, de 2013.
Veículo: Diário de Pernambuco