A receita com as exportações estaduais ligadas somente a produtos industrializados é bem menor do que a gerada com o que o Estado exporta em produtos básicos, especialmente as commodities minerais e agrícolas, como o minério de ferro e o café. Isso mostra que Minas não só deixaria de ser um grande exportador como também perderia força como um dos maiores geradores do saldo superavitário nacional.
Com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Minas exportou US$ 3,246 bilhões em produtos industrializados entre janeiro e abril deste ano, enquanto os embarques de produtos básicos no mesmo período somaram US$ 4,088 bilhões, 26% a mais. A diferença só não foi maior porque os preços internacionais do principal produto da pauta exportadora, o minério de ferro, considerado pelo Mdic uma mercadoria básica, caiu para menos da metade nos quatro primeiros meses deste ano em relação à mesma época de 2014. Atualmente, o preço da commodity giram em torno de US$ 50 a tonelada.
No ano passado, por exemplo, a diferença entre o que o Estado exportava em produtos primários e industrializados era bem maior, sendo que a receita com os embarques de manufaturados chegavam ao dobro da com os básicos.
Em outra comparação, considerando a receita gerada com embarques mineiros de produtos industrializados no quadrimestre inicial deste ano (US$ 3,246 bilhões) com a de igual intervalo de 2014 (US$ 3,500 bilhões), houve queda de 7,3%, conforme os dados do Mdic. Entre os produtos industrializados exportados pelo Estado estão medicamentos a base de insulina, automóveis de mil a 1,5 mil cilindradas e locomotivas diesel-elétricas.
Equipamentos - Entre os equipamentos industrializados exportados, os de transporte de uso industrial geraram um faturamento da ordem de US$ 114,2 milhões para o Estado no acumulado até abril. Por outro lado, as importações desses equipamentos somaram US$ 732,5 milhões, 541,4% a mais. Isso gerou um saldo deficitário, neste caso, de US$ 618,3 milhões.
Embora a pauta exportadora do Estado continue concentrada basicamente nas commodities minerais e agrícolas, o que reflete a base produtiva estadual, já há indícios que mostram o potencial de diversificação das exportações de Minas Gerais, como o crescimento dos embarques de produtos farmacêuticos e aeroespaciais e de aviação nos últimos anos.
Levantamento já divulgado da Fundação João Pinheiro (FJP) feito com base em dados Mdic, mostra que os minérios, o café em grão, produtos siderúrgicos e automóveis ainda representam em torno de 75% das exportações do Estado, mas os embarques de produtos farmacêuticos e de aviação e aeroespacial, por exemplo, cresceram 26% e 49,9%, respectivamente, entre 2004 e 2013.
Os embarques de produtos do segmento ferroviário e naval também tiveram um crescimento expressivo no período, com uma evolução de 61,8%. As exportações de válvulas cardíacas aumentaram 13,5% e as de próteses mamárias e de outros membros tiveram um avanço de 32,5%, conforme o levantamento. No entanto, esses produtos ainda mal chegam a 1% de participação na pauta.
Veículo: Diário do Comércio - MG