Pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que seis em cada dez líderes empresariais que comandam negócios inovadores consideram que o grau de inovação no Brasil deixa a desejar. O principal motivo alegado é que o Brasil está atrasado em relação a outros países, reflexo de defasagem tecnológica acumulada ao longo dos anos.
Segundo o levantamento, feito com cem executivos, 54% do total disseram que o grau de inovação da indústria é baixo e outros 8% afirmaram ser muito baixo". Outros 35% responderam "nem alto, nem baixo" e apenas 3% classificaram como alto.
De forma geral, os empresários que consideram o grau de inovação "baixo" ou "muito baixo" destacaram que a indústria, muitas vezes, acaba por importar ou copiar o que é feito em outros países. De acordo com os entrevistados, falta cultura de inovação nas empresas brasileiras em geral. Eles também elencaram como entraves a falta de políticas de incentivo, a dificuldade de interação entre empresas e universidades e o baixo nível de educação dos profissionais.
"Esta pesquisa comprova a importância do papel da inovação para a sobrevivência das empresas no mercado global e a necessidade de um esforço para criar um ambiente favorável a negócios inovadores no Brasil. Sem dúvida, a inovação é o meio mais estratégico para a indústria crescer e colher resultados mesmo em cenários adversos como o atual", avalia o superintendente nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Paulo Mól.
Conforme a CNI, foram ouvidos líderes de 60 pequenas e médias empresas e 40 firmas de grande porte. Os setores abordados foram de bens de consumo e de capital, químico e petroquímico, construção civil, farmacêutico, automotivo, eletroeletrônico, têxtil, digital, energético, siderúrgico e metalúrgico, mineração, celulose e papel.
"Além de mostrar a relevância no faturamento, a pesquisa revela que a inovação faz parte da estratégia do negócio em 99% das empresas consultadas. Entre as motivações para inovar, os empresários apontaram, em primeiro lugar, a vantagem competitiva. Também foi citado o aumento de produtividade, de lucro e de potencial de internacionalização", diz um trecho de um boletim divulgado pela CNI.
Em relação à fatia do orçamento destinada a atividades inovadoras, a pesquisa revela que as empresas de grande porte investem mais que as pequenas e médias. No primeiro grupo, a maioria (37,5%) destina mais de 5% do orçamento à inovação; 10% indicam que o investimento está entre 3% e 5% do faturamento; em outros 27,5% o percentual é entre 1% e 3%. No segundo grupo, 21,7% apontam que mais de 5% do faturamento vai para inovação; 16,7% afirmam que fica entre 3% e 5% e a maioria (31,7%) dizem que o percentual está entre 1% e 3%. (AG)
Veículo: Diário do Comércio - MG